Por Maira Magro
Em uma visita à cidade de Sinop, um dos maiores pólos madeireiros do Mato Grosso, a jornalista Andreia Fanzeres perguntou a uma moradora se ela gostava de viver na Amazônia. A resposta foi perturbadora: “Eu só vejo a Amazônia pela televisão.” Ao se dar conta do abismo entre o que dizem os meios de comunicação e o conhecimento da população local sobre o desmatamento, Andreia decidiu se mudar do Rio de Janeiro para Juína, ao norte do Estado, para pesquisar o assunto.
Através de uma série de entrevistas com moradores, relatadas neste texto publicado pelo site O Eco, Andreia percebeu o problema da falta de acesso à informação sobre temas ambientais. Os entrevistados relataram que a imprensa local raramente ou nunca publica notícias sobre desmatamento, mudanças climáticas, emissão de gases poluentes ou sustentabilidade. Apesar disso, a maioria das pessoas prefere receber informações a partir das rádios e televisões locais.
Para Andreia, um dos principais desafios da comunicação no arco do desmatamento é refletir o ponto de vista dos moradores das áreas mais devastadas, e não somente dos tomadores de decisão. Não é uma tarefa simples, como demonstra este vídeo, que registra um grupo de ativistas e jornalistas sendo expulsos da cidade em 2007, quando tentavam se reunir com os índios Enawene Nawe, em uma região de conflito com madeireiros.
Conheça também o trabalho do jornalista Lúcio Flávio Pinto, que cobre a Amazônia há mais de 40 anos, a partir de Belém do Pará.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.