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Otra Economía: meio independente argentino busca contar novas histórias sobre discriminação laboral contra comunidades vulneráveis

O meio independente Otra Economía, sediado na Argentina, está em funcionamento desde novembro de 2022 e concentra-se na cobertura de modelos e iniciativas que promovem novas economias na América Latina e no Caribe. Atualmente, eles oferecem o curso online "Como contar histórias para combater a injustiça social e a discriminação no mundo do trabalho", direcionado a jornalistas do continente. A diretora e editora do meio, Florencia Tuchin, detalha em uma entrevista à LatAm Journalism Review (LJR) a proposta do curso e a abordagem desse novo meio argentino para mudar a perspectiva sobre o modelo econômico atual.

Tuchin é uma jornalista com foco em soluções, especializada em sustentabilidade e desenvolvimento humano. Em 2022, ela foi convidada pela embaixada dos Estados Unidos a participar de um programa sobre racismo e justiça social. Durante um período de três semanas em Washington, Alabama, Oklahoma e Chicago, ela relata ter "aprendido sobre as manifestações do racismo nos Estados Unidos e seu efeito cotidiano no acesso aos direitos".

Com a intenção de replicar o aprendizado na América Latina, ela apresentou o projeto ao Escritório de Assuntos Educacionais e Culturais do Departamento de Estado dos Estados Unidos e ao Centro Internacional Meridian. O curso, que conta com o apoio financeiro dessas instituições, oferecerá treinamento aos participantes sobre como abordar desafios relacionados à injustiça social e à discriminação no trabalho. Ele visa comunidades vulneráveis como afrodescendentes, indígenas, pessoas LGBTQ+, migrantes e pessoas privadas de liberdade.

Imagen promocional de un taller con la fotografía de la periodista que lo dicta, el nombre del taller en un fondo amarillo y los logos de organizaciones que lo patrocinan

Imagem promocional do curso “Cómo contar historias para combatir la injusticia social y la discriminación en el mundo laboral". (Reprodução)

Serão cinco encontros virtuais, com duração de uma hora e meia cada, nos quais participarão organizações e especialistas no assunto, como a Fundación Encontrarse en la Diversidad, Mocha Celis, Ashoka, Red Creer e o historiador Omer Freixa. "Os jornalistas que participarem aprenderão a contar suas histórias a partir de uma perspectiva de soluções e sensibilidade, a fim de gerar um impacto positivo na sociedade", afirma Tuchin. "Também terão a oportunidade de conhecer os desafios de inclusão no trabalho enfrentados por várias comunidades vulneráveis devido ao atual sistema econômico." Sobre o enfoque em soluções, ela acrescenta que "a intenção é narrar os desafios, mas também mostrar como as organizações estão trabalhando para enfrentar e melhorar esse sistema, gerando novas economias".

Após a conclusão do curso, os jornalistas serão convidados a propor reportagens, e dez ideias serão selecionadas para a possibilidade de publicação em Otra Economía, alcançando assim um público mais amplo, explica Tuchin.

Algumas recomendações

Pensando na cobertura jornalística dos desafios enfrentados pelas comunidades vulneráveis na América Latina no que diz respeito à inclusão no trabalho, Tuchin oferece três recomendações:

1) Aprofundar as histórias humanas: destacar as vozes das pessoas que enfrentam discriminação no trabalho pode criar empatia e compreensão.

2) Contextualizar com dados e análises: complementar as histórias com dados que sustentem a extensão do problema e seus impactos na sociedade.

3) Explorar abordagens de soluções: destacar iniciativas e programas que estejam ativamente abordando a inclusão no trabalho pode inspirar outros a tomarem medidas.

Outras histórias, outros olhares sobre a economia

"Muitas vezes, a precarização do trabalho é um componente presente na cobertura dos meios de comunicação. Nesse sentido, eles não estão isolados da sociedade; são empresas que representam interesses", observa a jornalista. Isso ilustra a complexidade enfrentada pelos meios ao abordar questões relacionadas à precarização do trabalho e aos direitos dos trabalhadores.

Outro desafio identificado por ela é que, frequentemente, "os meios de comunicação tradicionais focam mais em dados e números do que nas histórias humanas por trás da precarização do trabalho". A falta de histórias pessoais nos meios de comunicação, segundo Tuchin, "pode impedir que o público se conecte emocionalmente com os desafios reais enfrentados pelos trabalhadores".

Além disso, a especialista observa que muitas vezes a precarização do trabalho é coberta no contexto de eventos específicos, como protestos. "Isso pode levar a uma compreensão fragmentada dos problemas e de suas causas mais profundas", acrescenta. Para ela, o grande desafio é "equilibrar a cobertura de temas econômicos com seu impacto social. O jornalismo deve conseguir relacionar esses temas com a vida das pessoas e destacar como as decisões econômicas afetam diretamente a sociedade".

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Florencia Tuchin, jornalista argentina e diretora de Otra Economía. (Foto: Arquivo pessoal)

Nesse contexto, Otra Economía, fundada por Tuchin, tem a proposta de gerar conversas em torno do impacto triplo, da economia circular, do empreendedorismo e da inovação social. Com esses conceitos, busca dar visibilidade a novas formas de produção e consumo, em oposição ao modelo atual que "leva à escassez de recursos, à poluição ambiental e ao acelerado aquecimento global", explica Tuchin neste artigo. Além disso, eles valorizam empresas e projetos que buscam gerar impactos além do econômico, incluindo os aspectos social e ambiental, o que chamam de impacto triplo.

Entre os objetivos do meio jornalístico está informar, sensibilizar e inspirar em relação a modelos que tenham impactos sociais, ambientais e econômicos. Diante do impacto negativo do atual modelo econômico, eles destacam o papel daqueles que "fazem" e "inovam" para gerar impactos positivos na sociedade.

Por outro lado, Tuchin relata que em torno do meio está se formando "uma comunidade de leitores que buscam ser agentes de mudança". Conforme a jornalista descreve, "o veículo é voltado para pessoas que não querem rolar indefinidamente em meios de comunicação tradicionais em busca de uma notícia relacionada ao tema". A audiência deles inclui líderes de organizações sociais, empreendedores, responsáveis por áreas de sustentabilidade e consumidores que buscam gerar um impacto positivo por meio de suas escolhas de compra. Eles também mantêm uma newsletter que facilita o diálogo com a comunidade, e muitas vezes é a própria audiência que impulsiona discussões de seu interesse.

Um dos destaques do meio é que eles adotam uma abordagem de soluções ao contar histórias. Para Tuchin, isso "envolve mais do que simplesmente identificar problemas; trata-se de fornecer inspiração e direções a seguir". E ela acrescenta: "Não apenas expomos injustiças, mas também explicamos as experiências de indivíduos, organizações e comunidades que estão trabalhando para promover uma mudança positiva". O objetivo final, segundo ela, é "empoderar os leitores, mostrando-lhes que existem alternativas aos modelos econômicos tradicionais e que todos têm um papel na construção de uma economia mais justa e sustentável".

Para um meio baseado na Argentina, é extremamente relevante refletir sobre a consolidação da extrema direita, liderada por Javier Milei, nas eleições primárias (chamadas de PASO) recentes. De acordo com Tuchin, esse novo cenário político "pode criar um contexto mais desafiador para a cobertura de economias inclusivas. No entanto, esse também pode ser um momento crucial para enfatizar a importância dessas perspectivas econômicas alternativas". Por isso, a jornalista destaca que é crucial que meios de comunicação independentes ou alternativos continuem proporcionando espaços para amplificar as vozes das comunidades vulneráveis.

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Florencia Pagola é uma jornalista freelancer do Uruguai. Ela pesquisa e escreve sobre direitos humanos e liberdade de expressão na América Latina.

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