Por Jan Ross P. Sakian
Cinco artigos de pesquisa revisados por pares foram selecionados para a edição Primavera 2023 da revista acadêmica #ISOJ Journal e seus autores foram convidados a apresentar suas descobertas no 24º Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ), em 14 de abril.
Celeste González de Bustamante, professora e reitora associada da Faculdade Moody de Comunicação da Universidade do Texas em Austin, abriu o painel apresentando o Prêmio ISOJ de Pesquisa 2023 ao artigo “‘News you can use:’ Pragmatic solidarity as a news value in online community journalism” (‘Notícias que você pode usar’: Solidariedade pragmática como um valor-notícia no jornalismo comunitário online”), dos autores Ayleen Cabas-Mijares, Joy Jenkins, e Laura Nootbaar.
Cabas-Mijares compartilhou sua pesquisa em torno do conceito de "solidariedade pragmática" e como o valor-notícia se manifesta na cobertura jornalística online hiperlocal.
"Solidariedade é um compromisso categórico com a justiça social, quando a justiça social é definida como dignidade para todos", disse ela.
O componente "prático" é específico e mais orientado para a ação, focado em práticas e ações que ajudam os jornalistas a terem sucesso a curto prazo.
"Nós basicamente perguntamos: 'Como a solidariedade pragmática se manifesta na cobertura jornalística online hiperlocal? E, 'Como a solidariedade pragmática ajuda os jornalistas a se concentrarem na ação?'", Cabas-Mijares explicou.
O estudo de caso da pesquisa centrou-se no Milwaukee Neighborhood News Service, descrito por Cabas-Mijares como "uma das mais, se não a mais diversa redação de Milwaukee", que atende às comunidades não brancas da cidade.
A apresentação de Subramaniam (Subbu) Vincent, diretor de Jornalismo e Ética Midiática do Centro Markkula de Ética Aplicada da Universidade de Santa Clara, reuniu insights sobre a prática da citação entre jornalistas.
O artigo ”Could quoting data patterns help in identifying journalistic behavior online?” ("Dados sobre padrões de citação poderiam ajudar a identificar o comportamento jornalístico online?), de autoria de Vincent, Xuyang Wu, Maxwell Huang, e Yi Fang, se debruçou sobre diversidade de fontes, desinformação e proveniência jornalística em reportagens. Sua pesquisa extraiu dados de 5 mil sites de "notícias" através do banco de dados da News Quality Initiative.
Celeste González de Bustamante (primeira à esquerda), professora na Faculdade Moody de Comunicação da UT Austin, no painel de pesquisa no dia 14 de abril.
"Nossa conclusão foi que você pode começar com a ética de citação como forma de identificar diferentes tipos de atores", disse Vincent, referindo-se aos meios noticiosos que podem ou não se basear em reportagens originais. Ele também observou que as empresas agregadoras de notícias podem melhorar as práticas de citação de maneiras que sejam mais transparentes para os consumidores de notícias.
Maria Raizza Renella P. Bello e Robbin Charles M. Dagle, pesquisadores das Filipinas, estão trabalhando para estabelecer uma linha de base ao criar um mapa de mais de 100 meios online de notícias no país. Suas descobertas acabaram identificando "desertos de notícias" entre as comunidades do arquipélago.
Em todos os sites, Bello e Dagle observaram três padrões principais: falta de transparência na propriedade da mídia, ausência ou inadequação do código de ética e políticas de privacidade, e dificuldade em identificar publicidade e conteúdo patrocinado em comparação com textos noticiosos.
"Esperamos que esta pesquisa possa ajudar a dar mais representação sobre como as nações do Sul Global operam em termos de espaços online e como podemos realmente aprender das comunidades ou das pessoas sobre como podemos mudar nossas práticas em nossas redações ou mesmo em nossos espaços de jornalismo independente", disse Bello.
Marcus Funk, professor associado de comunicação de massa da Sam Houston State University, apresentou as descobertas do artigo “Five stars because they tell it like it is: A parasocial examination of mainstream, conservative and far right reviews on Apple podcasts” ("Cinco estrelas porque falam das coisas como elas são: Um exame parassocial das avaliações mainstream, conservadoras e de extrema direita sobre podcasts da Apple"), do qual ele é co-autor com LaRissa Lawrie e Burton Speakman.
Usando avaliações de podcasts, a pesquisa conduziu três fases revisando podcasts diários de notícias em um espectro de perspectivas políticas e gêneros de conteúdo.
Funk observou que os podcasts são muitas vezes profundamente pessoais, emocionais e sociais em comparação com a mídia impressa e televisiva tradicional. A pesquisa explorou o fenômeno das relações parassociais, ou vínculos pessoais que um consumidor desenvolve ao longo do tempo em relação a uma pessoa na mídia – mesmo que não se conheçam na "vida real".
Funk disse que as duas principais conclusões são: os podcasts são grandemente baseados na personalidade e que a linguagem pessoal é significativamente menos comum nas avaliações dos podcasts de notícias mainstream em comparação com os podcasts conservadores e de extrema direita, e em comparação com outros podcasts mainstream.
"Isto também informa conversas mais amplas e profundas sobre como são a transparência e a credibilidade e as notícias, tanto no podcasting quanto em 2023", disse Funk.
As apresentações do painel foram concluídas com Tracie Powell, fundadora do The Pivot Fund, uma nova organização filantrópica dedicada a investir 500 milhões de dólares em operações de notícias comunitárias independentes lideradas por pessoas negras, indígenas e não brancas nos Estados Unidos (BIPOC, na sigla em inglês).
Powell disse que a pesquisa levou cerca de 18 meses com a assistência do Centro Shorenstein de Harvard, que moldou o projeto de um questionário para fundadores e editores de organizações jornalísticas que receberam financiamento através do Fundo Equidade Racial no Jornalismo (REJ, na sigla em inglês) da Borealis Philanthropy.
As principais questões da pesquisa foram: Como a intervenção do financiamento filantrópico afeta a saúde e a sustentabilidade das organizações jornalísticas BIPOC? E como as ideologias dominantes e suas suposições podem ser desafiadas?
"Em nossa pesquisa, descobrimos que as intervenções filantrópicas muitas vezes exigem uma forma de teste de meios e qualificação, que não reconhece as necessidades e desejos dos meios de notícias independentes e das comunidades que eles servem", disse Powell, que foi coautora do artigo com Meredith D. Clark.
De acordo com Powell, "algumas das políticas e práticas da filantropia perpetuam um campo de atuação desigual".
As recomendações da pesquisa se baseiam no fornecimento de investimento, apoio operacional e capacitação para redações, incluindo aprendizagem entre pares ou treinamento para jornalistas e editores BIPOC.
Durante a parte de perguntas e respostas, todos os membros do painel expressaram um desejo comum de aumentar a autenticidade e a responsabilidade no jornalismo enquanto desenvolvem uma compreensão matizada das audiências que servem.
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Jan Ross P. Sakian é uma jornalista e voluntária experiente do Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ). Ela é formada pela Escola de Jornalismo da UT Austin e ex-aluna da Academia de Salzburgo sobre Mídia e Mudanças Globais. Jan Ross foi selecionada para a coorte inaugural do Programa de Mentoria Gwen Ifill pela International Women's Media Foundation (IWMF), que foi lançado no ISOJ 2019.
