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Painelistas no ISOJ 2023 discutem o estado atual da crescente evasão de notícias e o que jornalistas podem fazer sobre isso

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  • 19 abril, 2023

Por Raiyan Shaik

O fenômeno de audiências evitando as notícias é um problema antigo e crescente enfrentado por jornalistas.

Nos últimos anos, grande parte do público demonstrou crescente desconfiança na mídia, o que teve impacto direto na evasão intencional e não intencional das notícias. Pesquisas descobriram que cerca de uma em cada 10 pessoas consome notícias menos de uma vez por mês. Especialistas no Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ) 2023 apresentaram suas ideias em 15 de abril sobre como os jornalistas podem recuperar sua conexão com o público e responder à evasão de notícias.

Durante o painel “Como responder à evasão de notícias e reconectar-se com o público por meio de novas abordagens”, moderado por LaSharah Bunting, CEO e diretora executiva da Online News Association, palestrantes discutiram a questão mais ampla da evasão de notícias e suas ideias sobre qual seria o futuro das notícias.

Bunting apresentou Ben Toff, pesquisador sênior do Reuters Institute, que descreveu o que é a evasão de notícias e compartilhou algumas de suas pesquisas relacionadas no Instituto, onde ele e outros pesquisadores entrevistaram mais de 160 pessoas que evitam notícias.

Toff revelou que as pessoas que evitam notícias de maneira mais consistente tendem a pertencer a grupos que carecem de poder e privilégio, incluindo aqueles de status socioeconômico mais baixo, jovens e mulheres. Afiliação política, particularmente aqueles que não se inclinam para um lado ou para o outro, também contribuíram para níveis mais altos de evasão de notícias. As razões variam de levar uma vida estressante, à desconfiança e ao sentimento de constante tragédia e tristeza nas notícías.

“Não foi uma única coisa”, disse ele. “Há uma desconexão entre a percepção das pessoas sobre o que é valioso nas notícias e em suas próprias vidas cotidianas. Acho que há uma oportunidade real de se engajar com as pessoas que evitam notícias, prestando mais atenção às experiências distintas das pessoas”.

Dmitry Shishkin, um consultor de mídia independente baseado no Reino Unido, enfatizou a necessidade de modelos de necessidades do usuário como uma solução para esse problema crescente. Ele sugeriu que “a maneira como muitas redações escolhem cobrir os temas está errada” porque não estão fornecendo ao público o que eles desejam ver. Escolher os ângulos certos para uma história e, em seguida, comprometer-se a criar conteúdo de qualidade é a chave para o sucesso de redações e para lidar com a evasão de notícias, disse ele.

“Se você satisfizer as necessidades de seu público de forma criativa e consistente, o crescimento estratégico virá”, disse Shishkin. “Foco na qualidade. Entenda seu foco e crie o melhor conteúdo possível para essa qualidade.”

Talia Stroud, fundadora e diretora do Center for Media Engagement da UT Austin, destacou como acontece a evasão de notícias no nível local.

“Jornalistas são humanos e garantir seus direitos é uma questão de direitos humanos”, disse ela. Nesse sentido, deve-se levar em consideração que o jornalista traz para o seu trabalho todas as particularidades do seu ser e qualquer fator estressante terá impacto na forma como o jornalismo é feito.

De acordo com Stroud, apesar das notícias locais manterem a confiança do público em uma taxa mais alta do que as notícias nacionais, elas ainda comandam apenas metade da confiança do público, o que revela a necessidade de a mídia local se engajar mais com seu público.

Em um estudo comparando o que os habitantes de Filadélfia querem ver em suas notícias locais versus o que as notícias locais realmente cobrem, Stroud descobriu que as redações locais não estavam discutindo consistentemente os temas que os cidadãos da cidade desejavam. Questões como saneamento, pobreza e trânsito e estacionamento “estão sendo abordadas com muito menos frequência em comparação com as pessoas que dizem que essas são questões importantes em seus bairros”.

Ela explicou que “este não é um boletim escolar”, mas sim uma oportunidade para as notícias locais entenderem que uma das razões pelas quais ocorre a fuga de notícias é que “eles não estão falando sobre os problemas que afetam [as pessoas] em seu dia a dia e suas vizinhanças”.

Entenda as necessidades locais

Stroud ofereceu ideias de como os jornalistas podem entender o que seu público local precisa, incluindo tudo, desde apenas pesquisar no Google até o uso de ferramentas como Hearken ou monitorar padrões de tráfego.

Jay Rosen, professor associado da Universidade de Nova York e autor de PressThink, apresentou um importante “fator ausente” na conversa: os fabricantes da evasão de notícias. Eles não são os jornalistas e editores que produzem as notícias, mas sim os indivíduos que se beneficiam da continuidade da evasão de notícias.

Um exemplo de um fabricante da evasão de notícias, segundo ele, é Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca. Rosen explicou que, ao “inundar a área com porcaria”, que se assemelha muito às famosas palavras de Bannon em referência à mídia, os fabricantes da evasão de notícias são capazes de “desanimar, confundir e sobrecarregar as pessoas e, assim, expulsá-las da praça pública” para ajudar sua própria causa.

“A mangueira de falsidade é o que você usar para inundar a área”, disse Rosen. “[O método é] bem adaptado à era da internet, com sua competição por atenção, sua superabundância de conteúdo e custo marginal zero de distribuição. [O] modelo de negócios para notícias requer cliques. E a maneira mais fácil de chamar a atenção é através de uma mangueira de indignação, medo e destruição.”

Embora os painelistas tenham revelado questões profundas sobre a evasão de notícias, eles também enfatizaram o que editores, jornalistas e organizações de notícias como um todo podem fazer, o que significa que nem toda esperança está perdida. Durante as perguntas e respostas, cada um dos palestrantes discutiu suas esperanças e otimismo cauteloso para o futuro da evasão de notícias.

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Raiyan Shaik é estudante do primeiro ano do curso de Jornalismo na Universidade do Texas em Austin. Shaik atualmente trabalha como repórter no The Daily Texan e no Texas Primetime.

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