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Palestrante critica “apartheid comunicacional” entre imprensa tradicional e étnica durante o Fórum de Austin

“O imigrante é o profeta do futuro, é em quem vamos nos transformar”, disse Sandy Close durante sua palestra no 9º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas. Close, que é editora executiva da New American Media, falou de sua experiência com a imprensa étnica em São Francisco, na Califórnia, e do potencial desses veículos para transformar a cobertura sobre comunidades de imigrantes nos Estados Unidos e em outros países.

Como cobrir uma cidade, enquanto comunidades transnacionais chegam todos os dias aos Estados Unidos, sem levar a sério os veículos étnicos dessas comunidades, incluindo a imprensa afro-americana, perguntou Close. “Nossa circulação é coletivamente maior do que a do San Francisco Chronicle”, disse Close, citando ainda um representante de uma conferência sobre a imprensa étnica nos anos 1990: “A mídia tradicional nos trata como se fôssemos de segunda classe, se é que sabe de nossa existência".

Um “apartheid comunicacional”, argumentou Close, não só marginaliza a imprensa étnica, como também limita a imprensa tradicional. “Para os meios tradicionais, a saúde e os fenômenos meteorológicos acabam na fronteira. Os veículos hispânicos ultrapassaram a mídia tradicional na cobertura sobre a gripe A H1N1, sem dúvida. Falaram sobre o fechamento de escolas no México. Os americanos acharam que não precisavam se preocupar com isso porque não era aqui”, disse ela.

Close ressaltou o crescimento da imprensa étnica (especialmente a hispânica), apesar da recessão econômica que exacerbou a crise dos jornais tradicionais, porque as comunidades precisam dela. “A Marcha do Milhão de Homens, em 1995, foi organizada pelos meios afro-americanos”, recordou Close. “Quem pensa que a imprensa tradicional ajudou a promover o evento está equivocado”.

A estreita ligação entre a imprensa étnica e sua comunidade ajuda a ampliar não apenas as perspectivas da cobertura, como também seu potencial para defender os direitos humanos. “Dizer a verdade à comunidade é mais poderoso que dizer a verdade a quem está no poder”, explicou Close.

Cerca de 50 jornalistas e especialistas de 20 países da América Latina e do Caribe se reuniram em Austin, no Texas, EUA, entre os dias 8 e 10 de setembro, para o Fórum de Austin. O evento anual é organizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e pelos programas para a América Latina e de Mídia das Fundações Open Society. O programa completo está disponível aqui.

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