Um suspeito de participar do assassinato do jornalista João Miranda do Carmo foi preso no dia 27 de julho, segundo informações do portal G1.
Douglas Ferreira de Morais, de 40 anos, era chefe da Guarda Patrimonial da prefeitura de Santo Antônio do Descoberto, e teria sido apontado por uma testemunha do crime. Ele nega a acusação.
O delegado Fernando Gama disse em entrevista ao G1 que uma testemunha identificou Morais como o motorista do carro usado no assassinato.
A polícia investiga se a morte do jornalista foi motivada por seu trabalho jornalístico.
“A gente trabalha com a possibilidade de o homicídio ter como motivação a atividade profissional dele. Tudo esbarra no trabalho de João Miranda, que tinha por alvo a criminalidade comum e o meio político”, afirmou o delegado ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a publicação, o jornalista escrevia textos em blogs e sites de notícias criticando políticos locais, traficantes e matadores de aluguel na região. Além de jornalista, Carmo era também pré-candidato a vereador do município.
Familiares e amigos do jornalista informaram que a vítima vinha recebendo ameaças. “Ele relatou que estava sendo ameaçado depois das últimas duas postagens que fez, inclusive nas redes sociais” afirmou o estudante Jonas Batista ao portal G1.
Segundo Batista, as intimidações vinham ocorrendo há cerca de seis meses, e Carmo “estava com medo das tantas ameaças que estava recebendo.”
As autoridades também investigam se um incidente ocorrido em 2014, quando o carro do jornalista foi incendiado, teria alguma conexão com o assassinato, informou o G1.
Entidades de proteção à liberdade de imprensa condenaram o assassinato e pediram urgência na elucidação do crime.
“A investigação e as medidas urgentes e necessárias para identificar os mentores do crime e os assassinos são os melhores instrumentos para evitar a impunidade e a falta de justiça nesses casos de violência", afirmou Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da Sociedade Interamericana de Imprensa.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) exigiu que sejam adotadas medidas preventivas e mais eficazes para proteger os jornalistas no país.
“A Relatoria Especial insta o Estado a fortalecer os mecanismos de proteção aos jornalistas de todas as regiões do Brasil e a fornecer orçamento para o seu funcionamento,” afirmou em nota a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) alertou para as consequências ao trabalho da imprensa caso os reponsáveis pelo crime não sejam punidos.
“A impunidade de crimes contra jornalistas ameaça a habilidade de que os trabalhadores da mídia façam seu trabalho e o acesso do público a fontes de informação diversas e independentes,” afirmou em nota a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova.
A Artigo 19 alertou que a ausência de uma resposta célere por parte das autoridades pode levar à intensificação desse tipo de crime. Segundo a entidade, o número de casos de grave violação contra comunicadores no Brasil, como homicídio, tentativa de assassinato e ameaça de morte, aumentou em 67% no ano passado.
Carmo é o terceiro jornalista assassinado no país neste ano.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.