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Prêmio Miroslava Breach é lançado em homenagem a jornalistas assassinados na América Latina

Ao ser assassinada em 23 de março de 2017 em Chihuahua, México, a jornalista Miroslava Breach entrou para o trágico rol de comunicadores que são alvo de violência na América Latina por trazer à luz as ilegalidades de grupos criminosos e do poder público na região.

Agora, Breach e outros colegas que, como ela, foram silenciados são homenageados com um prêmio que vai destacar trabalhos acadêmicos e jornalísticos que se dediquem ao tema “Sistemas de poder e violência contra jornalistas na América Latina”.

O prêmio lançado no dia 13 de outubro é organizado em parceria entre o periódico Argumentos, da Universidade Autônoma Metropolitana - Unidade Xochimilco (UAM-X), do México, o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), a Faculdade de Cultura e Comunicação da Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho (FCCUMET), da Argentina, e os jornais La Jornada (México), Página 12 (Argentina) e Público (Espanha).

A iniciativa convoca comunicadores, pesquisadores e ativistas de todos os países da América Latina e do Caribe a inscrever até 27 de dezembro artigos jornalísticos ou acadêmicos sobre os temas “Fazer jornalístico, violência e impunidade”, “Agressão às garantias comunicativas dos cidadãos”, “Interesses econômicos e políticos da mídia sobre o interesse e o bem comum” e “Academia, violência e o ensino de comunicação”.

Os textos devem ser em língua espanhola e podem ter até três coautores. Pelo menos um dos autores deve ter vínculo com alguma instituição da rede Clacso, que reúne organizações civis e centros de pesquisa na América Latina.

Uma comissão de jurados internacionais designados pelas entidades organizadoras do prêmio irá selecionar os cinco melhores trabalhos. Os artigos acadêmicos selecionados serão publicados pela revista Argumentos e os textos jornalísticos sairão pelo La Jornada ou pelo Página 12, em formato impresso e digital em acesso aberto.

O prêmio Miroslava Breach “pretende ser um chamado de atenção à absoluta impunidade que reina neste campo: nunca são investigados estes crimes nem condenados seus culpados, com o Estado se transformando em cúmplice e, não poucas vezes, em promotor e instigador desta brutal forma de violência que cresce e se multiplica em nossa região”, escreve a convocatória.

Cartel de Sinaloa ordenou assassinato de jornalista: Promotoria

Promotoria Geral do Estado de Chihuahua concluiu que o assassinato de Miroslava Breach foi ordenado pelo grupo criminoso Gente Nueva, braço armado do cartel de Sinaloa que opera no sudoeste do Estado.

A informação foi divulgada no dia 11 de outubro por El Heraldo de Chihuahua. Segundo a publicação, a Promotoria revisou centenas de horas de gravação de câmeras de segurança que registraram o percurso feito pelo veículo no qual estava o assassino de Breach.

Os autores do ataque à jornalista também mataram outra pessoa, a quem tentaram incriminar pelo assassinato de Breach, informou El Heraldo de Chihuahua. Eles também tentaram apontar os investigadores para o grupo criminoso rival Nuevo Cártel de Juárez, que opera na mesma região.

A investigação foi encerrada e concluiu que o Gente Nueva assassinou a jornalista devido a suas reportagens investigativas contra o grupo publicadas nos jornais La Jornada e Norte de Juárez, nos quais trabalhava.

De acordo com El Heraldo, a Promotoria já pediu a prisão de pelo menos quatro pessoas supostamente envolvidas no assassinato de Miroslava Breach.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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