texas-moody

Project Shield quer proteger meios de comunicação e a liberdade de expressão dos ciberataques na América Latina

  • Por
  • 18 outubro, 2016

Por Josefina Mancilla

Uma ferramenta nova está disponível para a proteção contra ataques cibernéticos para toda a América Latina.

Project Shield, que está disponível desde fevereiro, foi apresentado dia 13 de outubro na 72ª  Assembleia Geral da SIP na Cidade do México, com o objetivo de incentivar o uso da ferramenta entre veículos da América Latina.

O projeto foi desenvolvido por Jigsaw, anteriormente conhecido como Google Ideas, usando a tecnologia do Google com o objetivo de proteger sites de notícias e a liberdade de expressão contra ataques distribuídos de negação de serviço (DDoS).

"Estamos felizes de anunciar esta nova colaboração com a SIP como uma forma de proteger as organizações de notícias na América Latina", disse George Conard, gerente de produto de Jigsaw e líder da equipe encarregada do Project Shield, segundo um comunicado para a imprensa. "Nosso objetivo é colocar fim à censura repressiva na internet, e defender os editoriais dos ataques DDoS é um passo crucial para eliminar o DDoS em conjunto como uma ameaça à liberdade de expressão".

Um ataque DDoS é uma tentativa de provocar a queda de um site por meio de uma imensa quantidade de acessos  que chegam simultaneamente de várias fontes. O Project Shield está desenhado para proteger as páginas web de duas formas:

  1. Por meio de um proxy inverso, o projeto ajuda a filtrar os acessos, deixando passar o tráfego seguro e bloqueando o maligno para manter o site funcionando.
  2. O projeto permite que os sites guardem conteúdo em caché para apresentar a informação aos usuários, o que permite “absorver” e reduzir o tráfego que entra no site.

O projeto é oferecido totalmente grátis a jornalistas independentes e a organizações relacionadas com notícias, direitos humanos e sites que monitoram eleições. Essas organizações estão mais propensas a receber ataques cibernéticos e muitas vezes carecem de capacidade para se defender contra essas ameaças, segundo a página web do Project Shield.

Em uma nota para a imprensa, o Project Shield anunciou: “As organizações de notícias são particularmente vulneráveis a esses tipos de ataques. De fato, os ataques DDoS se converteram em uma ferramenta comum para censurar as organizações de notícias”. Acrescentaram que cerca de 50% dos sites de notícias foram atacados ao menos uma vez, e que eles têm uma probabilidade de 80% de serem atacados de novo, segundo um relatório de Neustar.

De acordo com um relatório do blog Periodismo en las Américas de junho de 2015, na América Latina a legislação contra ataques cibernéticos está defasada, o que facilita a censura dos jornalistas. Como resultado de ataques DDoS, sites da região ficam fora do ar muitas horas. Além disso, as estatísticas sobre ataques cibernéticos na região são limitadas, aumentando ainda mais a ameaça que representam.

“Os ataques quase sempre ocorrem como consequência de alguma publicação, isto é, são mais reativos que proativos”, disse anteriormente o especialista em segurança cibernética e liberdade na internet Robert Guerra, em uma entrevista ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. “A liberdade de imprensa não é atingida somente quando se mata um jornalista ou se explode uma televisão”.

Project Shield está aceitando inscrições de organizações latino-americanas interessadas no projeto, com exceção de Cuba.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes