Por Ingrid Bachmann
Um relatório sobre 32 jornalistas, elaborado há dois anos e divulgado na semana passada, causou indignação no Uruguai, aponta a Associated Press. A Associação Nacional da Imprensa Uruguaia (APU) afirmou que o documento lembra as ações da ditadura militar.
O relatório, publicado na quinta-feira pelo semanário Búsqueda, identificava os jornalistas segundo suas orientações políticas, e orientava as autoridades sobre como lidar com eles, diz a AP. O jornal Últimas Noticias afirmou que se trata de uma espécie de lista negra, que marcava os jornalistas como "sérios", "responsáveis", "trabalhadores", "de confiança", apoiadores do governo, ou "inescrupulosos", "críticos do governo", "comerciais" e "sem domínio do tema". Segundo a APU, o documento também recomendava critérios políticos para a publicação de anúncios oficiais nos meios de comunicação.
Segundo o Búsqueda, o documento foi elaborado em 2008 pelo então diretor de Comunicação Institucional do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca, Juan Angel Fernández. A AP observa que o titular da pasta na época era o presidente José Mujica. O ministério afirmou que não está de acordo com o documento. Deputados de oposição pediram uma investigação das práticas do governo em relação aos meios de comunicação, diz o jornal El País.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
