Os vencedores do Prêmio Latino-Americano Javier Valdez de Jornalismo Investigativo foram apresentados durante a Conferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo (Colpin), realizada de 8 a 11 de novembro em Bogotá, Colômbia.
O primeiro lugar foi para a reportagem colaborativa sobre o furacão Maria "Los Muertos de María" (“Os mortos do María”). O Centro de Jornalismo Investigativo (CPI) de Porto Rico, com o apoio da Associated Press (AP) e Quartz, trabalhou durante meses na investigação vencedora, viajando por toda a ilha, enfrentando a opacidade do governo no tratamento de números e informações sobre as vítimas deixadas pelo ciclone.
Omaya Sosa, Jeniffer Wiscovitch e Carla Minet da CPI, Ana Campoy e YouYou Zhou do Quartz e Michael Weissenstein da AP receberam o prêmio na capital colombiana.
O segundo lugar foi um empate entre duas investigações de prestígio do Peru e da Argentina: “Caso Lava Juez” (“Caso Lava Juiz”), da IDL-Repórteres do Peru, e “Los Cuadernos de la Corrupción” (“Os cadernos da corrupção”), de Diego Cabot, do jornal La Nación na Argentina. Os supostos atos de corrupção que cada uma dessas investigações revelou em seus respectivos países significaram um antes e um depois na realidade política e judicial do Peru e da Argentina.
Em meados deste ano e após uma análise meticulosa, o IDL-Reporteros publicou uma série de gravações de conversas telefônicas vazadas entre juízes da Suprema Corte, advogados de réus, congressistas, políticos, empresários, entre outros. As gravações em áudio revelaram irregularidades e supostos atos de corrupção nos mais altos níveis de Justiça e política peruanas.
A investigação de Diego Cabot baseou-se em cadernos que lhe foram entregues, com anotações feitas ao longo de 10 anos sobre uma série de atos incriminadores nos níveis político e empresarial na Argentina.
O terceiro lugar ficou com "Escândalo en la Gimnasia", de Joanna de Assis, da TV Globo do Brasil, e os membros de sua equipe, Wagner Luis Susuki, Jae Ho Ahn e Mauricio Trindade e Oliveira. A investigação revelou um dos maiores escândalos de assédio sexual no Brasil, revelando 42 casos de supostos abusos sexuais que apontam para o ex-técnico da seleção brasileira de ginástica Fernando de Carvalho.
Graças ao patrocínio da Organização dos Estados Americanos (OEA) este ano, da UNESCO, do Banco Mundial, dos países nórdicos e do Open Society Institute, o primeiro prêmio recebeu US$ 10.000 e o segundo e terceiro lugar receberam US$ 5.000 cada.
O júri foi composto por Lise Olsen (Estados Unidos), Ewald Scharfenberg (Venezuela), Giannina Segnini (Costa Rica), Fernando Rodrigues (Brasil) e Santiago O'Donnell (Argentina).
Outras 12 investigações receberam menção honrosa:
Os prêmios de jornalismo investigativo da América Latina, que recebem cerca de 200 inscrições anuais, foram criados pelo IPYS em 2000. Desde o início, o objetivo do Instituto era motivar o trabalho jornalístico em assuntos de interesse público nos países da América Latina e do Caribe. Desde a primeira edição, em 2001, as organizações que aderiram a esse esforço incluem a Transparency International e o Open Society Institute.
Em seu início, foi chamado de "Prêmio Latino-Americano para a Melhor Investigação Jornalística de um Caso de Corrupção". Em 2009, desde que começou a ser entregue no âmbito do Colpin - também organizado pelo IPYS -, seu nome mudou para "Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo ".
Desde 2018, ele é chamado de "Prêmio Latino-Americano Javier Valdez de Jornalismo Investigativo" em homenagem ao renomado jornalista investigativo mexicano que cobriu questões de tráfico de drogas e foi assassinado em 15 de maio de 2017, supostamente pelo crime organizado.