A cobertura jornalística da ação de reintegração de posse do terreno ocupado pela comunidade de Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, tem sido marcada pela truculência policial e pelo cerceamento da liberdade de imprensa.
A repórter da Rede Brasil Atual Lúcia Rodrigues foi alvo de dois tiros de arma de fogo feitos por um policial municipal enquanto estava no terreno tentando entrevistar os moradores despejados no último domingo, 22 de janeiro, dia em que a invasão das forças de segurança começou, de acordo com o site da Rede. Rodrigues havia se identificado como jornalista e estava com os braços levantados e com o gravador em uma das mãos no momento dos disparos.
Em outro episódio de violência, um veículo de uma emissora afiliada da Globo que estava na comunidade foi incendiado, mas não houve feridos, informou a Folha de S. Paulo.
“É inadmissível que a polícia que deveria garantir o direito de trabalho e a segurança dos jornalistas seja protagonista de agressão contra os profissionais. Infelizmente, este não é um episódio isolado situações como estas já foram registradas anteriormente”, afirmou o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), José Augusto Camargo.
Além de sofrer agressões, os jornalistas também têm sido impedidos de entrevistar moradores da comunidade, sendo obrigados a seguir as instruções da polícia para realizar seu trabalho. Em matéria desta terça, 23 de janeiro, o Portal Terra noticiou que as entradas de Pinheirinho estão sendo controladas pelos policiais e que a imprensa só tem acesso ao que é determinado por eles.
"Estive em São José dos Campos por conta da violenta reintegração de posse da área da comunidade Pinheirinho neste domingo. A polícia militar proibiu a entrada dos jornalistas, limitando-os ao entorno, o que é sempre um mau sinal – sem a presença livre da imprensa, a sociedade recebe informações limitadas e a fiscalização dos atos do poder público torna-se capenga. Ou seja, esconde-se mais facilmente o que não se quer mostrar", relatou o jornalista Leonardo Sakamoto à revista Vírus Planetário.
Para o SJSP, a postura da Polícia Militar configura uma ação clara de cerceamento da liberdade de imprensa.
Diversas organizações não governamentais e pessoas nas redes sociais manifestaram repúdio pela invasão policial e criticaram o processo de remoção, considerado um massacre, na área do Pinheirinho, onde famílias começaram a se instalar há quase de oito anos. Atualmente, cerca de 9 mil moradores disputam judicialmente o terreno com a massa falida de uma empresa.