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Revista TIME, dos EUA, cita jornalismo latino-americano ao homenagear jornalistas perseguidos como 'Pessoa do Ano'

Ao homenagear jornalistas perseguidos em todo o mundo como sua “Personalidade do Ano”, a revista americana TIME destacou histórias de repórteres da América Latina.

A cada ano, a publicação reconhece uma pessoa ou grupo de pessoas que influenciaram o mundo. Este ano, nomeou os jornalistas Jamal Khashoggi (Arábia Saudita), Maria Ressa (Filipinas), Wa Lone e Kyaw Soe Oo (Mianmar) e o jornal Capital Gazette (Estados Unidos).

"Eles representam uma luta mais ampla de inúmeras outras pessoas em todo o mundo ... que arriscam tudo para contar a história do nosso tempo", escreveu Edward Felsenthal, editor-chefe da TIME.

Este tempo, diz Felsenthal, é marcado por democracias que enfrentam ameaças de novas tecnologias, manipulação e abusos da verdade, líderes autoritários e instituições fracas.

Na reportagem de capa desta edição, “The Guardians and the War on Truth” (“Os Guardiões e a Guerra contra a Verdade”), Karl Vick, da TIME, falou sobre a brasileira Patricia Campos Mello, repórter e colunista do jornal Folha de S. Paulo, que “foi alvo de ameaças depois de informar que apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro haviam financiado uma campanha para divulgar notícias falsas no WhatsApp. ”

Bolsonaro, que assume o cargo em janeiro de 2019, é um notório crítico dos meios de comunicação tradicionais, apontou Vick. “São novos tempos, realmente novos tempos”, disse Cristina Zahar, secretária executiva da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). "E os jornalistas precisam encontrar maneiras de lidar com isso."

Para o jornal RioDoce, em Sinaloa, no México, os ataques ocorreram sob a forma de violência fatal quando o jornalista Javier Valdez foi morto no meio da rua em maio de 2017, a alguns quarteirões da redação.

"Você nunca sabe quando ou onde pode ser a sua vez", disse Ismael Bojórquez, diretor do semanário, de acordo com a TIME.

Em um vídeo que acompanha o artigo, os leitores ouvem Luz Mely Reyes, cofundadora do site venezuelano Efecto Cocuyo: “O jornalismo livre na Venezuela é uma espécie em extinção”.

Há imagens de manifestantes e jornalistas da El Bus TV, uma iniciativa em que jornalistas lêem as notícias do dia a bordo de ônibus em todo o país.

"Decidimos que, em vez de assistir ao funeral do jornalismo, faríamos alguma coisa", disse Reyes, que fundou Efecto Cocuyo em 2015 para fornecer notícias independentes de poderes que censuravam a mídia na Venezuela. Recentemente, ela foi homenageada com o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

E finalmente, há Dulcina Parra, repórter de rádio da Conexión Sinaloa e sobrevivente de um sequestro que trabalha no México, o país mais perigoso da região para jornalistas, como destacado pela TIME. "Me motiva ser um elo entre essas pessoas que, na realidade, estão indefesas", disse ela.

A matéria de capa da edição Person of the Year da TIME pode ser acessada aqui. Para ler como a TIME escolheu os homenageados, clique aqui.

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