Por Ian Tennant
Uma “rodada relâmpago” de apresentações no 20º Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ) cobriu uma série de desenvolvimentos de uma nova iniciativa para apoiar jornalistas latino-americanos a fazer reportagens baseadas no terreno.
Janine Warner e Luis Botello iniciaram as apresentações no dia 13 de abril com o lançamento do Velocidad, um novo fundo de US$ 1,5 milhão projetado para apoiar o jornalismo digital na América Latina. Warner é diretora-executiva e cofundadora da SembraMedia e Botello é vice-presidente de Novas Iniciativas e Impacto no Centro Internacional de Jornalistas (ICFJ).
"É um programa ambicioso", disse Botello. "Nosso objetivo é realmente construir comunidades vibrantes".
Warner disse que o Velocidad, apelidado de "acelerador de mídia", será não-ideológico, mas se concentrará em meios de notícias nativos digitais. Além de doações, a Velocidad também fornecerá 1.600 horas de consultoria para meios independentes na América Latina.
Além de ajudar a contar “histórias que outros meios têm medo de contar ou estão muito comprometidas para contar”, disse Warner, o programa ajudará os meios de comunicação digitais com questões de gerenciamento como contabilidade adequada, que ela diz ser extremamente importante se um governo tentar encerrar um meio de notícias com uma auditoria fiscal.
Felipe Estefan, diretor de investimentos da Luminate, seguiu a apresentação de Warner e Botello, o que foi apropriado, considerando que a Luminate está fazendo uma parceria com a SembraMedia e o ICFJ para lançar a Velocidad. A Luminate, uma organização filantrópica global e parte do Grupo Omidyar, gastou mais de US$ 306 milhões financiando 236 organizações em 17 países.
Estefan zombou da noção de que "o jornalismo não produz retornos".
"Mesmo?"
Estefan cresceu em Bogotá, Colômbia, onde jornalistas arriscaram suas vidas contando histórias difíceis. "É absolutamente louco para mim" que algumas pessoas ainda acreditam que o jornalismo não é digno de investimento, disse ele.
“Investir em mídia independente não é apenas um imperativo moral. Também é uma coisa inteligente a fazer.”
Ele disse que a Luminate está apoiando Velocidad porque "vemos a democracia sendo ameaçada como nunca antes".
Nadine Hoffman, vice-diretora da International Women’s Media Foundation (IWMF), informou a plateia do ISOJ sobre um workshop realizado em 11 de abril no Centro Belo para Novas Mídias da Universidade do Texas em Austin. O workshop “Estratégias para enfrentar a violência online: mulheres jornalistas cultivando a resiliência e construindo comunidades” foi realizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas com o apoio da IWMF e da Knight Foundation.
Hoffman disse que o assédio online de mulheres jornalistas, especialmente mulheres negras, é um problema que afeta a todos. “O impacto a longo prazo é claro. É sobre retenção”, disse ela, referindo-se à necessidade de manter as mulheres no jornalismo porque a verdadeira liberdade de imprensa só pode existir com as vozes de mulheres jornalistas.
Uma pesquisa com 597 mulheres jornalistas e profissionais da mídia mostrou que pelo menos dois terços sofreram assédio online (como ofensas relacionadas à aparência física) pelo menos uma vez, enquanto 40% admitiram ter evitado reportar sobre certos temas por causa do assédio.
"Isso é uma ameaça à liberdade de imprensa e à democracia", disse Hoffman.
Algumas das conclusões do workshop incluem instar os meios de notícias a separar a presença pública e privada nas plataformas de mídia social para mulheres jornalistas e construir redes de apoio para ajudar as mulheres a lidar com o assédio online.
"Sabemos que os ataques digitais precisam ser levados a sério", disse Hoffman.
Outro evento pré-ISOJ, “Hackathon: Construa novas ferramentas de credibilidade” foi comentado por Andrew Gibson, engenheiro de front-end do The Texas Tribune. O hackathon foi organizado pelo Tribune e pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, e patrocinado pela Microsoft News e pela Walmart Technology.
Gibson ficou impressionado com a produção criativa de seis equipes - compostas de cinco a sete jornalistas, engenheiros de dados, designers e desenvolvedores - em um dia, quando a maioria dos hackatons dura pelo menos dois dias.
“Quando deu 5 da tarde nós tínhamos seis projetos muito, muito impressionantes.”
O vencedor foi a Nutrinews, que baseou-se na ideia de rótulos em alimentos. Esse "rótulo nutricional de notícias" seria baseado no conteúdo de um artigo de notícias, em quem o escreveu e em quem o compartilhou.
Tomando uma direção diferente, mas ainda focando na melhoria do jornalismo, Amy Schmitz Weiss falou sobre como o “jornalismo de localização” pode melhorar a reportagem local. Schmitz Weiss é professora associada da Escola de Jornalismo e Estudos de Mídia da Universidade Estadual de San Diego, bem como diretora de pesquisa do ISOJ e coeditora do periódico #ISOJ Journal.
Ela sugeriu um cenário em que uma mãe e seus filhos estão em um parque quando a mãe recebe uma mensagem perguntando se ela está bem. "Por quê?", ela responde. "O que está acontecendo?" Há um atirador ativo a apenas dois quarteirões do parque, responde sua amiga.
"Ela não tinha nenhuma fonte para lhe passar essa informação", disse Schmitz Weiss.
"Conexões fazem a diferença", disse ela, acrescentando que conectar as notícias com as pessoas deve ser uma prioridade. A localização é fundamental para isso e “está no centro da prática do jornalismo”.
Schmitz Weiss, que é uma forte defensora do "jornalismo espacial", disse que o jornalismo com enfoque na localização deve ser uma oportunidade para as organizações de notícias, muitas das quais já têm dados de localização em seus arquivos, cortesia de suas reportagens locais.
Quem fechou a rodada relâmpago no ISOJ foi Selymar Colón, vice-presidente e editora-chefe da Digital News na Univision. Ela fez um apelo apaixonado e divertido para que os jornalistas gravem vídeos verticalmente com seus smartphones, em vez de horizontalmente.
"A idéia principal é tornar os noticiários mais fáceis de consumir", disse ela, acrescentando que, de acordo com a ScientaMobile, 94% do consumo de celulares é feito verticalmente. "Então, por que estamos forçando-os a mudar o telefone para a horizontal?"
"A idéia principal é tornar os noticiários mais fáceis de consumir", disse ela, acrescentando que, de acordo com a ScientaMobile, 94% do consumo de celulares é feito verticalmente. "Então, por que estamos forçando-os a mudar o telefone para a horizontal?"
Ela disse que a visão vertical tem um efeito mais pessoal e os jornalistas devem querer estar perto de seus espectadores. "Queremos levá-lo conosco quando reportamos ujma história."
Além disso, segundo Colon, meios de notícias se esforçam para alcançar os jovens e a maioria deles bloqueia seu telefone na vertical.