Em audiência na tarde desta quarta-feira, 27 de julho, a justiça de São Paulo ouviu o depoimento de seis testemunhas de acusação sobre a morte do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, ocorrida há 40 anos, durante a ditadura militar, informou a Agência Brasil. O coronel reformado do exército apontado como responsável pelo crime, Carlos Alberto Brilhante Ustra, faltou ao julgamento.
A audiência foi fechada para a imprensa. Somente os familiares da vítima e os advogados das partes estavam presentes. As pessoas chamadas pela família de Merlino para depor afirmaram ter presenciado o acusado ordenar a tortura do jornalista, de acordo com o site Último Segundo. Além disso, uma testemunha disse ter visto Ustra dar a ordem, por telefone, que resultou na morte de Merlino.
Como testemunha, Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos do governo Lula, declarou que naquele ano, 1971, também foi capturado e encontrou Merlino agonizante nos porões. "Ele (Ustra) comandou todas as sessões de tortura", afirmou Vannuchi, citado pela Agência Estado.
As testemunhas de defesa, apontadas pelos advogados de Ustra, só serão questionadas posteriormente, mas a versão dos militares para o episódio, segundo informações do Uol, é de que o jornalista teria cometido suicídio, ao se jogar contra um caminhão na BR-116, no município de Jacupiranga, em São Paulo.
Ustra já foi condenado em uma ação cível declaratória na qual foi considerado formalmente torturador. Entre 1970 e 1974, ele chefiou o Destacamento de Operações e Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), onde opositores do governo eram mantidos presos. Segundo vítimas da ditadura, no local funcionou um dos principais centros de tortura do regime militar. Foi lá que Merlino teria sido torturado e morto em 1971, quando estava com 23 anos. Na época, o jornalista trabalhava no Jornal da Tarde e militava no Partido Operário Comunista (POC).