A diretora de um jornal do interior de São Paulo foi espancada e teve 2 mil exemplares da publicação roubados por três homens no último sábado, 1º de setembro, informou o portal G1. A polícia civil vai começar a investigar o caso nesta terça-feira, 4 de setembro, de acordo com o Jornal A Cidade.
Monize Taniguci, diretora e proprietária do semanário “O Jornal”, do município de Guaíra, acredita que o atentado esteja relacionado às denúncias políticas publicadas nos últimos cinco meses, desde que assumiu a direção do jornal, segundo o site do Jornal Dia Dia. “Eles me batiam, xingavam e diziam: 'Isso é para você aprender, para ver com quem você está mexendo. Abre seu olho'”, afirmou.
A jornalista relatou ao jornal SBT Noticidade que os suspeitos estavam em dois carros e a cercaram quando ela voltava de Barretos, onde os exemplares foram impressos para serem distribuídos no fim de semana. Um dos homens, que estava armado, teria assumido a direção e obrigado a jornalista a tomar um comprimido. Em seguida, os desconhecidos levaram Taniguci até um canavial, onde fizeram ela descer do carro e ficar ajoelhada enquanto recolhiam os jornais.
"Alguém quis me passar um susto para frear as denúncias publicadas no jornal, mas não vou ceder. Vou continuar na mesma linha", ressaltou a diretora, que mandou rodar três mil jornais a mais para vender em Guaíra ainda durante esta semana, com uma página especial falando sobre a sua agressão, segundo informações da Folha de S. Paulo.
A reportagem principal dos exemplares levados pelo bando abordava a doação de um terreno avaliado em R$ 1,9 milhão pela prefeitura para a construção de uma faculdade particular. Em outra matéria, Taniguci apontava uma suposta fraude ocorrida na eleição do sindicato dos servidores local.
O jornalismo no Brasil tem se tornado um ofício cada vez mais arriscado. No mesmo dia do ataque à Taniguci, um jornalista de um site de notícias de Rondônia foi agredido por um médico que disse ter sido prejudicado por uma matéria do repórter. Alguns dias antes, um carro de reportagem de uma emissora de TV da Bahia foi alvo de tiros durante a cobertura de um incêndio e um jornalista sofreu ameaças de morte após publicar série que denunciava problemas em Brumadinho, município de Minas Gerais.
Uma pesquisa do International News Safety Institute (INSI) colocou o Brasil entre os cinco piores países para jornalistas no primeiro semestre deste ano -- ao lado de Nigéria, Somália, Indonésia e México.