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Novo mapa interativo de IPYS Venezuela faz cartografía dos meios do país

A equipe do Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS) Venezuela encontrou uma maneira mais acessível para apresentar a informação que recompila sobre os meios de comunicação do país.

“Não queríamos apresentar simplesmente um diretório de meios na Venezuela, mas permitir ao leitor navegar de maneira interativa por cada estado do país e conhecer qual é a verdadeira situação dos meios de comunicação”, explicou Katherine Penachio, jornalista e coordenadora do projeto, em conversa por e-mail com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

O mapa ainda é um trabalho em progresso e no momento não tem informação de todos os estados venezuelanos. Tendo em conta que ainda faltam dados, Pennachio assegura que seria precipitado tirar conclusões definitivas. Contudo, afirmou que a análise preliminar mostra que 56% dos meios analisados são comunitários, a maioria com tendência oficialista. Além disso, 65% dos meios são classificados como rádios, enquanto que os meios digitais são os que têm menos presença no país.

A equipe utilizou a ferramenta de visualização interativa CartoDB para criar o mapa. As cores de cada estado representam as violações à liberdade de expressão registradas pelo IPYS Venezuela durante 2014, segundo Pennacchio.

Quando um usuário passa o mouse sobre um estado, aparece uma janela que traz informação geral sobre ele, incluindo sua população e o número de meios de comunicação. O número total dos meios de comunicação se divide por tipo: estatal, privado ou comunitário, e por categoria: rádio, imprensa, televisão ou digital. Uma das seções mais interessantes é a que divide os meios de acordo com suas tendências ou influências editoriais. A divisão se faz entre crítico, equilibrado ou pro-governo.

O mapa também conta com o número de violações à liberdade de expressão e um link para obter informação mais detalhada de cada estado. Os links abrem uma nova página que mostra uma lista de cada meio de comunicação do estado. Ao clicar em um deles, é possível ver seu tipo, categoria, tendência, se tem problemas com o estoque de papel-jornal, mudanças de dono, procedimentos judiciais e administrativos e informação de contato.

Entre as principais fontes para realizar o projeto estiveram o sistema de alertas de IPYS Venezuela e a lista dos meios comunitários do Ministério do Poder Popular para a Comunicação e a Informação da Venezuela. Além disso, Pennacchio disse que a equipe utilizó a informação da série de investigação liderada pelo IPYS chamada “Proprietários da censura na Venezuela”. Para a realização dessa série, IPYS Venezuela trabalhou com os portais de investigação Armando.info e Poderopedia para mostrar a falta de transparência nos processos de compra e venda dos meios no país.

Mais de 20 pessoas, entre elas correspondentes de todo o país, trabalharam no mapa. Todos os dados foram confirmados pela base de dados de IPYS Venezuela, de acordo com a organização.

IPYS Venezuela convida o público a ajudar com este projeto colaborativo enviando informação sobre os meios de comunicação que não estão no mapa e que desejem ser adicionados.

Os meios de comunicação independentes da Venezuela enfrentam dificuldades graças à escassez de papel-jornal, procedimentos judiciais e administrativos contra os meios de comunicação e jornalistas, além de mudanças de liderança.

Nos últimos anos, vários periódicos venezuelanos tiveram que diminuir sua circulação pela redução da disponibilidade para importar papel-jornal.

Em maio, um juiz proibiu quase duas dezenas de editores, executivos e donos de meios de comunicação independentes de sair do país. Eles foram acusados ​de difamação por um funcionário do governo. Sobre o tema, Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disse: “Estes ataques judiciais contra os meios de comunicação e os jornalistas se somam a numerosas tentativas de intimidação que prejudicam a liberdade de informação”.

Um exemplo de como a compra e venda afeta as tendências editoriais de um periódico, “o então crítico diário El Universal se tornou aliado do governo socialista da Venezuela” depois de ter sido vendido em 2014, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Freedom House classifica a imprensa na Venezuela como ‘não livre’. O país ocupa o 137º lugar entre 180 países na Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2015 da RSF.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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