Por Alejandro Martínez
*Leia também: 10 dicas para começar um grupo Hacks/Hackers em sua cidade
O capítulo de Buenos Aires da organização Hacks/Hackers está a poucos dias da segunda edição de sua Media Party, que em menos de dois anos se tornou um dos eventos mais importantes no continente para jornalistas interessados em novas tecnologias e programadores interessados no mundo midiático.
A Media Party será realizada nos dias 29, 30 e 31 de agosto. Com mais de 2 mil participantes confirmados, 30 oradores convidados e 50 workshops no programa, o evento busca repetir o êxito do ano passado e se consolidar como um dos principais eventos para fomentar e construir uma cultura de inovação na região.
De fato, a Media Party não só tem sido uma parte essencial do fenomenal crescimento do capítulo em Buenos Aires do Hacks/Hackers, como também uma das responsáveis pela divulgação do grupo na América Latina e um reflexo da sede de inovações jornalísticas na continente.
O evento foi organizado pela primeira vez no ano passado e foi tão popular que seu anúncio duplicou o número de membros do Hacks/Hackers Buenos Aires quase que instantaneamente.
“Foi um evento bastante grande e provocador para a mídia. Este ano confiamos que vai ser mais”, disse Mariano Blejman, um dos fundadores de Hacks/Hackers Buenos Aires e bolsista do Knight International Fellowship, em entrevista ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
Como no ano passado, o evento oferecerá workshops e hackatonas nos quais os participantes poderão aprender novas ferramentas. Serão discutidos temas como o design para otimizar a visualização de dados, a cobertura esportiva na era dos dados, como se proteger de ataques cibernéticos, como criar mapas e os objetivos da Media Factory, a primeira aceleradora de mídia voltada para o mercado da América Latina.
Entre os palestrantes confirmados estão Ryan Mark, diretor de estratégia e desenvolvimento digital no Chicago Tribune Media Group; Miranda Mulligan, Chefe do Knight Lab, editora chefe no Evening-Edition e ex-diretora de design digital no The Boston Globe; Brian Boyer, editor de aplicativos de notícias no NPR, Jacqui Maher; editora assistente de notícias interativas do The New York Times; Miguel Paz, jornalista chileno, fundador e CEO do Poderopedia e co-organizador do capítulo Hacks/Hackers Chile; e Daniel Sinker, diretor do Knight-Mozilla OpenNews.
“O objetivo é transferir valor, que os pioneiros que estão fazendo jornalismo de dados não apenas falem, mas também sentem e ensinem”, disse Blejman.
Media Party se tornou chave no crescimento e na difusão na América Latina do Hacks/Hackers, o popular grupo que nasceu em 2009 em São Francisco sem pretensões de se converter em um fenômeno internacional. O simples desejo, disse Burt Herman, um dos fundadores da organização, era criar um espaço para reunir jornalistas (os "hacks") e tecnólogos ("hackers") sob o mesmo teto.
Embora os perfis de ambos os profissionais sejam bastante distintos, ambos compartilham uma paixão pela transparência, afirmou Herman, e na era das quantidades massivas de dados, juntos aumentam sua capacidade de responder a importante pergunta: Como interpretar a informação?
É por isso que juntar os conhecimentos de ferramentas digitais de um programador com o sentido de narrativa e o talento para obter informação de um jornalista resulta em poderosas alianças e incríveis histórias, disse Herman.
“Funciona realmente bem quando juntamos esses dois grupos”, ressaltou.
Logo outras pessoas de todas as partes do mundo começaram a lançar seus próprios capítulos. Atualmente Hacks/Hackers conta com mais de 60 capítulos e milhares de membros no mundo. O movimento avançou particularmente rápido na América Latina.
“Parece que há muita fome aqui por níveis de transparência que não existem em alguns governos. E o movimento hacker ajudou a avançar nessa direção”, explicou Herman.
Para Blejman, que cresceu interessado em programação e jornalismo e costumava produzir a editoria de tecnologia do jornal argentino Página 12, a ideia do Hacks/Hackers de reunir jornalistas e programadores era tão óbvia e necessária que se perguntou por que não havia pensado nisso antes.
“A ideia de juntar jornalistas e programadores era algo que iria acontecer a qualquer momento”, disse.
Blejman não perdeu tempo e em 2011 ajudou a fundar Hacks/Hackers em Buenos Aires. Com mais de 2.210 miembros, o grupo se tornou há pouco tempo o segundo maior capítulo de Hacks/Hackers no mundo (o de Nueva York é o primeiro, com 3.060 integrantes). Em seus dois anos de existência, Hacks/Hackers Buenos Aires já organizou vários eventos e produziu novas ferramentas, como opendatalatinamerica.org e hackdash.org, um aplicativo que rastreia os projetos que vão surgindo das hackatonas.
Agora, como parte de sua bolsa, Blejman está ajudando a espalhar a comunidade Hacks/Hackers pelo resto do continente.
Já existem capítulos em Santiago, Chile, São Paulo, Rio de Janeiro e San José, Costa Rica. Recentemente deslancharam novos grupos em cidades argentinas como Rosario, Mendoza e La Plata. Outro capítulo foi recém-criado em Assunção, Paraguai, e outros estão se formando no Uruguai e na Bolívia.
Para Blejman, parte da meta é criar uma rede regional de gente trabalhando em inovação que sirva como fórum para compartilhar ideais e projetos.
“Para nós, Hacks/Hackers se trata de encontrar um espaço para poder aprender e gerar projetos, algo que não estava acontecendo nos veículos de comunicação”, contou. “Gostamos da ideia de que exista uma rede com um nome e na qual se encontrem pessoas que estejam fazendo coisas parecidas”.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.