Autoridades colombianas estão novamente investigando ameaças contra jornalistas e líderes comunitários feitas por meio de panfletos distribuídos e assinados com o nome de um grupo criminoso.
Em 28 de março, um e-mail com um panfleto anexado foi enviado para 25 endereços, incluindo os de muitos jornalistas de meios de comunicação locais e nacionais, no estado de Cauca, no sudoeste da Colômbia. Foi assinado por "Águilas Negras".
"Os seguintes bastardos são alvos militares declarados, juntamente com suas famílias e associados", dizia o panfleto. "Os jornalistas servis ao castro-chavismo que conhecemos estão escondidos em todos os meios que servem a um processo de paz do qual o traiçoeiro [presidente colombiano, Juan Manuel] Santos está entregando o país a narco-terrorismo".
A nota passava então a listar alvos, incluindo professores e ativistas sociais, e dava aos ameaçados de uma semana para deixar Cauca.
A Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, na sigla em espanhol) rejeitou as ameaças e solicitou às autoridades nacionais que investiguem o incidente. Além disso, a organização pediu ao governo nacional "que garanta a liberdade de expressão durante o diálogo com as FARC."
Segundo a Rádio W, Todd Howland, representante na Colômbia do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, disse que está “levando este panfleto a sério, estamos analisando a linguagem para tentar ajudar o Ministério Público e a polícia na investigação."
O jornal colombiano El País informou que Howland visitava a cidade de Popayán, em Cauca, para apresentar um relatório sobre os direitos humanos quando saiu a notícia do panfleto.
As autoridades estão avaliando a autenticidade das ameaças, de acordo com o Proclama del Cauca, um dos meios de comunicação que receberam o e-mail. A empresa de notícias disse que houve ataques contra líderes comunitários e indígenas em Cauca nos últimos meses.
Panfletos com ameaças similares contra jornalistas e líderes sociais circularam por todo o país nos últimos anos.
Na maior parte do século passado, a Colômbia tem sido o lar de combates entre as forças estaduais de segurança, guerrilhas de esquerda, cartéis de drogas, gangues criminosas e paramilitares.
Apesar da assinatura de um acordo de paz entre o governo colombiano e uma das maiores organizações paramilitares, Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) em 2003, e a subsequente desmobilização dos grupos paramilitares, alguns continuam a operar no país. Grupos criminais, conhecidos como bacrim, também estão ativos.
O governo colombiano e o maior grupo guerrilheiro do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), começaram as negociações de paz em outubro de 2012. No entanto, o prazo de 23 de março de 2016 para a assinatura do tão esperado acordo de paz passou sem acordo.
Em 30 de março, o governo e os líderes de outro grupo guerrilheiro, o Exército de Libertação Nacional (ELN), anunciaram a abertura de negociações de paz depois de 50 anos de luta.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.