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Jornalistas e trabalhadores de comunicação da Argentina protestam contra cortes massivos em todo país

Uma multidão de jornalistas e trabalhadores de meios de comunicação marchou neste 3 de março pelas ruas de Buenos Aires para protestar contra as demissões em massa que estão afetando a corporação em todo país, informou o portal de notícias La Izquierda Diario.

A mobilização foi convocada pelo Sindicato da Imprensa de Buenos Aires (Sipreba), em conjunto com os trabalhadores da Rádio América, Tiempo Argentino e da empresa de comunicação Grupo 23, que não recebe pagamento desde dezembro de 2015.

Uma das principais motivações do protesto foi a demissão de 136 trabalhadores – de um total de 160 - do canal de notícias CN23, que era parte do desmembrado conglomerado de meios Grupo 23, agora de propriedade do Grupo Indalo, de Cristóbal López. Os cortes foram criticados pela sociedade civil, por jornalistas e  por diversas instituições do país, como o Fórum de Jornalismo Argentino (Fopea).

Os manifestantes chegaram até a principal praça da capital, a Plaza de Mayo, em frente à sede do governo, para exigir de Marcos Peña, atual chefe de gabinete, ação frente à pouca resposta do Ministério do Trabalho no caso da CN23. Segundo a Sipreba, neste caso há favorecimento de Sergio Szpolski​, um dos donos do Grupo 23, e de seu sócio Matías Garfunkel.

O jornalista da Rádio América e CN23 Gabriel Michi disse ao Centro Knight para o Jornalismo nas Amércias que o Grupo 23, que tem em sua folha de pagamento quase 800 trabalhadores, com Szpolski e Garfunkel como proprietários, recebeu em seis anos de funcionamento (2009-2015) um volume de publicidade oficial de aproximadamente US$ 80 milhões.

Em comparação com outros meios, os do grupo de Sergio Szpolski​ – que em 2015 concorreu nas eleições municipais de Buenos Aires pelo então partido governista Frente Para la Victoria – foram os que receberam a maior verba de publicidade estatal durante o governo anterior, assinalou Michi.

No entanto, acrescentou o jornalista argentino, apesar de os meios do Grupo 23 terem uma linha editorial pouco crítica ao governo anterior, seus trabalhadores "sempre defenderam os valores mais transcendentes da imprensa", realizando seu trabalho professionalmente.

Michi também explicou o que muitos interpretam como um verdadeiro “esvaziamento dos meios”, referindo-se aos cortes massivos, que no caso do Grupo 23 têm ocorrido desde a vitória eleitoral do candidato presidencial do partido opositor, Mauricio Macri.

Desde então, explicou o jornalista argentino do CN23, Sergio Szpolski e companhia começaram a se desfazer de alguns veículos do grupo, deixaram de pagar fornecedores e de pagar salários e benefícios de seus trabalhadores.

Os trabalhadores de imprensa demitidos e os que continuam trabalhando sem receber salário também tiveram apoio da Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren), que solicitou a intervenção do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social da Nação para garantir a fonte de trabalho dos jornalistas.

“Pedimos aos empresários dos meios que atuem responsavelmente, respeitando os direitos trabalhistas de seus funcionários e garantindo a continuidade das fontes de trabalho”, exigiu Fopea através de um comunicado publicado em seu portal, pelo qual também pediu às autoridades que tomem as ações necessárias para impedir que o “esvaziamento” dos meios continue por parte de seus donos.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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