Por Yenibel Ruiz
Em meio a um tenso clima social e a relatos de ataques contra a imprensa, internautas na Venezuela estão espalhando nas redes sociais a hashtag #ExpresiónSinOpresión (#ExpressãoSemOpressão) para falar sobre a importância da liberdade de expressão no país.
O Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS) da Venezuela lançou a campanha no dia 10 de julho.
A campanha visa promover oportunidades para a reflexão em relação à importância da "liberdade de expressão" para a saúde da democracia. Nesse sentido, ela é baseada em três direitos fundamentais: "o direito de dar e receber informações; o direito de falar sem ser humilhado, ridicularizado ou violado; e o direito de se conectar à internet sem interferência," de acordo com a IPYS Venezuela.
"Queríamos fazer uma campanha que atingisse mais o cidadão, e começamos a trabalhar nesta ideia há seis meses buscando uma forma simples e cotidiana de abordar estas questões,” explicou Maruja Dagnino, diretora de comunicações do IPYS Venezuela, ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
Para fazer isso, IPYS criou um personagem chamado Cheo, um jovem de um bairro popular de classe média em Caracas, para ser o protagonista da campanha.
Cheo está no último ano do ensino médio, é um bom aluno e "idealista": "Mas eu não estou satisfeito com o que eles me ensinaram na escola, com as injustiças. Na TV, eu vejo programas sobre ciência, cultura e coisas assim. Eu gosto de pensar que o mundo é muito maior, por isso estou acostumado a estar conectado à internet."
"Decidimos que este personagem seria uma espécie de "nerd”, como dizem os amigos, inteligente, simpático, que também gosta de beisebol. Pensamos que é importante destacar os valores dos venezuelanos, enviar uma mensagem que gere mais empatia,” disse Dagnino.
Danigno explicou que a idéia com Cheo é atingir um público mais jovem, que não viveu os períodos da sociedade venezuelana nos quais os problemas de liberdade de expressão não eram tão graves.
"Estes jovens são o nosso alvo ideal porque nós queremos, a partir destes vídeos, realizar fóruns, discussões em universidades e comunidades," disse ela.
Dagnino explicou que a primeira etapa da campanha está ocorrendo nas mídias sociais: Twitter, Facebook, o canal do IPYS no Youtube e o site do IPYS. Mas há uma segunda etapa que consiste em realizar fóruns de discussões nas comunidades, não só em Caracas, mas em todas as regiões do país com ajuda dos correspondentes do IPYS.
Ela acrescentou que nesta primeira etapa são seis vídeos: três de posicionamentos para estabelecer uma conexão emocional com o público, para que os cidadãos se recordem dos três direitos fundamentais, e três explicativos.
Em um segundo vídeo que lançou a campanha com o slogan "Imagine que você pode saber tudo o que quiser #SaberConLibertad, # ExpresiónSinOpresión", o personagem Cheo aparece lendo na imprensa que "tudo está bem", enquanto atrás do personagem são destacadas questões que afetam o país, como escassez, insegurança, corrupção, inflação e injustiça, entre outros.
Além da hashtag #ExpresiónSinOpresión, também estão sendo usadas as seguintes hashtags que correspondem aos três direitos que a campanha está promovendo: #NavegarConLibertad, #SaberConLibertad e #OpinarConLibertad.
A organização também pediu às pessoas que utilizem a hashtag para denunciar violações à liberdade de expressão.
“A falta de garantias para o exercício do direito de saber, o direito de navegar e o direito de falar são os grandes nós nos quais se assenta a censura na Venezuela e se constrói a sociedade do medo," afirmou o IPYS da Venezuela.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.