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Imprensa internacional e jornalistas pedem justiça no caso do repórter mexicano assassinado Javier Valdez

Como muitos jornalistas perceberam, a morte do repórter mexicano Javier Valdez, no dia 15 de maio, foi diferente dos assassinatos de outros colegas do país.

Javier Garza Ramos, ex-editor-adjunto do El Siglo de Torreón em Coahuila, escreveu no El País que o assassinato “balançou a imprensa mexicana diferentemente de qualquer outro crime envolvendo violência contra jornalistas na última década. O alto perfil de Javier e o reconhecimento internacional de seu trabalho sobre o crime organizado fizeram deste um caso excepcional.”

A reação nacional e internacional pedindo o fim do problema generalizado da violência contra jornalistas no México tem sido inédita.

Mais de uma semana depois do assassinato, demonstrações de indignação dos colegas, amigos e admiradores de todo o mundo continuam a chegar. O movimento ocorre não apenas nas mídias sociais, como também nas ruas, em petições que circulam e páginas editoriais internacionais.

Meios e organizações mexicanos e internacionais começaram uma “discussão coletiva para construir uma agenda com objetivos de curto e médio prazo para proteger os jornalistas, o jornalismo e o direito à informação em uma democracia".

“A mídia e as organizações convocadas acreditam que o assassinato de Javier Valdez não pode ficar impune, e também deve fortalecer a solidariedade da categoria e inflamar nossa habilidade de trabalharmos juntos", dizia a nota.

Uma nota circula na Internet com a condenação ao assassinato de Valdez de 186 jornalistas de 69 meios de comunicação estrangeiros.

"Acreditamos que o acesso efetivo ao Judiciário é fundamental para conter a agressão e garantir o exercício do jornalismo em condições de segurança e liberdade", diz a nota. "É indispensável um compromisso real e determinado contra a impunidade e a proteção dos jornalistas para converter o assassinato de Javier Valdez em um divisor de águas que põe fim aos ataques contra a imprensa, baluarte fundamental de qualquer democracia".

Os jornalistas também pediram aos seus chefes de Estado para intervir na situação.

Por exemplo, os jornalistas no Peru escreveram uma carta ao presidente Pedro Pablo Kuczynski, pedindo que ele proponha à Organização dos Estados Americanos (OEA) a criação de uma comissão para investigar o assassinato de Valdez e a impunidade de outros crimes do tipo contra jornalistas no México.

Dezenove organizações e centenas de jornalistas da Argentina não apenas pediram ao presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, para aceitar um time internacional da CIDH e da ONU para investigar a violência contra a imprensa, como também instaram o presidente argentino, Mauricio Macri, a fazer uma declaração sobre a "tragédia humanitária" que ocorre no México.

Abaixo, o Centro Knight reuniu links e trechos de editoriais e comentários sobre o assassinato de Valdez, escritos por jornalistas e defensores dos direitos humanos, para publicações internacionais. Eles incluem condenações da violência e chamados à ação, como as cartas mencionadas acima.

Muitos dos autores compartilharam jantares ou longas conversas com Valdez e viram sua ética de trabalho e seu impacto em primeira mão. Eles se beneficiaram de seus conselhos para cobrir a guerra às drogas no México e para se manterem seguros. Outros ofereceram ajuda quando a vida do jornalista estava em perigo. E todos compreendem o que acontecerá ao México, como país, e ao jornalismo mexicano, se esta violência contra jornalistas continuar.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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