A Polícia Civil brasileira prendeu no dia 9 de fevereiro quatro suspeitos de terem participado do assassinato do radialista Jefferson Pureza, na cidade de Edealina, Estado de Goiás. Entre os presos está o vereador José Eduardo Alves da Silva, do Partido da República (PR), que é apontado pela polícia como o mandante do crime ocorrido no dia 17 de janeiro.
A investigação policial concluiu que o crime foi motivado por questões políticas e por ciúmes, informou o G1. Pureza fazia fortes críticas à administração municipal e à atuação de vereadores governistas na cidade em seu programa de rádio, o que, segundo a polícia, teria irritado Alves da Silva e o levado a planejar o assassinato do radialista pela primeira vez, em janeiro de 2017. Ele disse ao delegado responsável pelo caso que desistiu de ir adiante com o crime.
Em dezembro, o vereador teria planejado matar o radialista mais uma vez após descobrir que ele havia tido um relacionamento com sua ex-esposa, segundo apontou a investigação policial, informou o G1. Alves da Silva alega que também dessa vez não seguiu adiante com o plano. A polícia, entretanto, afirma que o caseiro Marcelo Rodrigues Santos intermediou o contato entre o vereador e os executores do crime, Leandro Cintra da Silva e um adolescente de 17 anos. Os três também também foram presos no dia 9.
Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em 26 de janeiro de 2017 Pureza disse em seu programa de rádio que o vereador Alves da Silva havia encomendado seu assassinato. Ele também mencionou o ex-prefeito João Batista “Boiadeiro”, do Partido Trabalhista Brasileiro, afirmando que os dois políticos seriam os responsáveis caso algo lhe acontecesse.
A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito sobre o caso, informou o G1. Segundo o delegado, ainda é preciso esclarecer a dinâmica do crime.
O assassinato de Jefferson Pureza motivou a ativação do Programa Tim Lopes de Proteção a Jornalistas, lançado pela Abraji em setembro de 2017 com o objetivo de investigar assassinatos, tentativas de assassinato e sequestros de profissionais da imprensa e dar continuidade às reportagens interrompidas pelos autores dos crimes.
Angelina Nunes, coordenadora do programa, e Rafael Oliveira, membro da equipe da Abraji, visitaram Edealina no fim de janeiro para obter mais informações sobre o assassinato de Pureza. A entidade afirmou que segue acompanhando o caso.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.