Por Ian Tennant
Os jornais americanos deveriam melhorar sua cobertura sobre o narcotráfico no próprio país, afirmou um editor mexicano segundo o qual os traficantes comemoram a ausência de notícias sobre suas atividades mortais.
Em artigo publicado pela Columbia Journalism Review, o jornalista Javier Garza Ramos ressaltou o pouco destaque dado pelos jornais americanos a uma operação antidrogas que resultou na prisão de 676 pessoas e na apreensão de 12 milhões de dólares, além de grande quantidade de armas e drogas, em fevereiro, nos Estados Unidos.
"Vendo de longe, do outro lado da fronteira, foi chocante", disse o editor do El Siglo de Torreón. "No México, quando operações ou prisões não são noticiadas na primeira página, o motivo frequentemente não é falta de interesse, mas excesso de precaução. No últimos quatro anos, os traficantes mataram mais de dez jornalistas, sequestraram outros 12 e atacaram instalações de jornais e emissoras de TV com tiros e granadas. O objetivo: enterrar a cobertura de suas atividades".
Garza afirmou, porém, que houve exceções. O San Antonio Express-News, o San Diego Union-Tribune e o El Paso Times noticiaram a operação em suas capas, enquanto outros veículos abordaram certos aspectos do tráfico de drogas, como o Dallas Morning News, que falou das atividades do cartel Los Zetas na região de Dallas-Fort Worth.
"Parece que os jornais locais estão deixando passar uma notícia muito importante em suas comunidades," Garza concluiu.
Em 21 de abril de 2011, em artigo escrito para o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, Garza discutiu o delicado equilíbrio entre a busca pela informação e a segurança dos jornalistas.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.