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Mais 7 expressões jornalísticas em português, inglês e espanhol que todo jornalista latino-americano deve saber

Esta quarta lista de expressões jornalísticas em português, inglês e espanhol que todo jornalista latino-americano deve saber já me havia sido pautada pela minha chefe de reportagem há algum tempo. É que as edições anteriores figuram entre as mais lidas no site da LatAm Journalism Review  (ver edições umdoistrês). Pudera, tratando-se de matérias frias que são!

A verdade é que a apuração desta quarta edição demorou tanto porque eu estava encochinado e não queria fazer pescoção. Mas nesta semana eu, enfim, consegui arrumar algum tempo para fazer o aquário feliz.

Espero que esta edição seja útil para o seu trabalho. Não se esqueça de nos enviar suas sugestões de mais palavras e expressões que todo jornalista latino-americano deveria saber: latamjournalismreview@austin.utexas.edu.

1. Chefe de Reportagem, Assignment Editor, Jefe de Redacción

Se o jornalismo fosse um ramo das Forças Armadas, o chefe de reportagem seria o equivalente ao cabo, a primeira patente logo acima dos repórteres-soldados. É o chefe de reportagem que pauta e coordena o trabalho dos repórteres, especialmente em redações com cobertura de breaking news. A função é crucial em situações que envolvem várias frentes de apuração, como grandes eventos, tragédias e desastres naturais.

2. Apuração, News Gathering/Reporting, Reportear

Apuração é o ato de pesquisar, investigar, levantar as informações necessárias para a produção de uma reportagem. Um repórter que faz uma entrevista, conversa com uma fonte, visita o local de um acontecimento ou pesquisa documentos está apurando. Em português, apurar e investigar são similares, mas têm diferentes: o primeiro é usado para reportagens do dia a dia enquanto o segundo se refere a trabalhos de mais fôlego e de difícil execução. Já reporting, do inglês, e reportear, em espanhol, têm um sentido mais amplo que inclui outras atividades de um repórter, como escrever e publicar as reportagens.

3. Coleguinha, Colleague, Colega

Coleguinha é uma expressão típica dos jornalistas brasileiros e se refere a como nós nos referimos uns aos outros, especialmente entre jornalistas de veículos diferentes. O uso do diminutivo pode denotar um tratamento amigável, como é na maior parte dos casos, mas também carrega uma pitada de ironia porque no fim do dia os coleguinhas também são rivais na busca pela notícia e a competitividade pode ser elevada.

4. Encochinado

Em quase 20 anos de jornalismo, finalmente descobri uma palavra para descrever como me senti muitas e muitas vezes nas redações: encochinado. No espanhol, cochino é porco, mas também quer dizer sujo ou desagradável. Estar enconchinado é estar sobrecarregado de trabalho e não ter hora para sair da redação. O termo é mais comum entre jornalistas Venezuelanos, mas o sentimento é global. Que jornalista nunca se sentiu encochinado?

5. Pescoção, Dog Watch/Lobster shift

Nos meus primeiros anos de vida profissional num jornal impresso diário, o finado Jornal do Brasil, eu tinha pavor dos pescoções. Eles ocorriam toda sexta-feira à noite: depois de fecharmos a edição de sábado, continuávamos trabalhando para fechar a edição de domingo, em jornadas totais de mais de 12 horas, varando a madrugada e sem pagamento de hora extra. Hoje em dia, os pescoções são raros porque também são raros os jornais impressos que dependem de uma rotina rígida de fechamento da edição para a impressão.

Em espanhol, pescoção pode ser traduzido como cierre de edición largo. Já no inglês, duas expressões, dog watch e lobster shift, estão associadas ao trabalho noturno nas redações, mas não são traduções ideais para pescoção. Dog watch é ficar de plantão enquanto o jornal é impresso para caso algo ocorra que exija uma atualização da edição. Já lobster shift é o trabalho na madrugada reservado aos focas.

6. Matéria fria, evergreen story, caliche

Em português, matéria fria é um conteúdo que pode ser veiculado a qualquer momento, que nunca fica velho -- como esta lista, por exemplo. Matérias frias são úteis em períodos de noticiário menos quente, como durante fins de semana e feriados.

Já em inglês, sai a referência ao clima e entra a metáfora botânica. Evergreen [sempre verde] é o conteúdo que nunca envelhece, ou nunca apodrece, e, portanto, está sempre pronta para publicação.

Já em espanhol, uma expressão próxima é caliche, usada por jornalistas venezuelanos para classificar conteúdo de pouca relevância noticiosa ou já conhecidos do público. Não é a mesma coisa que uma matéria fria ou evergreen, mas também serve para preencher o noticiário em momentos menos movimentados.

7. Aquário

Nas grandes redações dos jornais impressos e outros veículos tradicionais, o editor-chefe e outros editores da alta hierarquia costumam trabalhar numa sala com paredes de vidro, onde mantêm a privacidade enquanto conseguem observar o trabalho de outros jornalistas da redação. Por causa disso, no Brasil, a palavra aquário se refere ao grupo de editores executivos de uma redação, porque normalmente trabalham numa sala de vidro, parecida com um aquário.

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