texas-moody

Leia a sexta edição do glossário da LJR de expressões jornalísticas que todo jornalista da América Latina deve conhecer

Desde 2020, a equipe da LatAm Journalism Review (LJR) tem desenvolvido um glossário de expressões jornalísticas em espanhol, português e inglês que todo jornalista latino-americano deve conhecer (veja a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e a quinta edições).

Nesta sexta edição, explicamos o significado de palavras que jornalistas utilizam regularmente, mas que podem ser desconhecidas para quem está fora do ambiente jornalístico. Algumas dessas palavras incluem fixer, stringer, nut graph, above the fold e pitch.

Também aprofundamos em termos como prensa chicha, prensa rosa e nevera, que no mundo jornalístico hispano-hablante significam muito mais do que um eletrodoméstico.

Algumas dessas expressões têm origem no inglês, enquanto outras são específicas de países da América Latina.

Qual expressão jornalística é usada no seu país? Envie suas sugestões em qualquer idioma para latamjournalismreview@austin.utexas.edu, ou envie uma mensagem pelo Twitter ou Facebook. Estamos esperando por você!

Prensa Chicha (termo aproximado em português: jornalismo marrom)

No contexto jornalístico, no Peru, prensa chicha refere-se a um tipo de jornalismo sensacionalista e popular, caracterizado por um foco em temas polêmicos, escandalosos ou mórbidos, voltado para um público de setores populares de baixa renda.

news stand

Banca de jornais no Peru (Foto: Wikimedia Commons)

O fenômeno da prensa chicha teve seu auge nos anos 1990, durante o governo de Alberto Fujimori, quando foi utilizada como ferramenta de propaganda para difamar, atacar e insultar membros da oposição e jornalistas incômodos para o regime.

A prensa chicha ainda existe, embora sua influência tenha diminuído ao longo do tempo.

O termo mais parecido em português é imprensa marrom, que refere-se a um jornalismo sensacionalista e antiético, que distorce ou exagera informações para chamar atenção, muitas vezes associado a práticas desonestas ou exploração de escândalos.

Fixer

Quando um jornalista estrangeiro chega a um país para cobrir uma história, sua primeira tarefa geralmente é encontrar um “guia” para ajudá-lo a navegar no local e compreender o contexto. 

No jornalismo, esse guia é conhecido como fixer e é uma pessoa local que auxilia jornalistas estrangeiros ou de outras regiões em tarefas como tradução, conexão com fontes, transporte, orientação legal, assistência em pesquisas, entre outros.

O papel do fixer é crucial, especialmente em áreas onde os jornalistas enfrentam barreiras culturais, linguísticas ou logísticas. Apesar de sua importância, os fixers geralmente trabalham nos bastidores, recebendo pouco reconhecimento ou crédito no produto final, mesmo sendo fundamentais para o sucesso de muitas coberturas internacionais.

Nevera (Engavetar ou pôr na geladeira)

Na maioria dos países da América Latina, uma nevera é o que em português se chama de freezer, eletrodoméstico usado para conservar alimentos e bebidas em baixa temperatura, ajudando a prevenir sua deterioração.

No jargão jornalístico dos países latino-americanos que falam espanhol, a "nevera" é um espaço simbólico de espera e reserva. E

Pode se referir a uma notícia em espera, ou seja, uma história considerada relevante, mas não urgente, que pode ser "guardada na nevera" e publicada mais tarde, quando for mais oportuna ou relevante.

Também pode descrever projetos pausados, como uma reportagem ou investigação que não foi descartada, mas cuja publicação está suspensa, também considerada "na nevera".

No Brasil,as expressões “engavetar” ou “pôr na geladeira” são as traduções mais próximas para descrever essas notícias ou projetos em espera.

Prensa Rosa / Prensa del Corazón / Jornalismo de Celebridades ou de fofocas

A prensa rosa ou prensa del corazón é um gênero jornalístico dedicado a cobrir a vida pessoal e social de figuras públicas, como celebridades, membros da realeza, atletas, artistas e outras personalidades.

Seu conteúdo se concentra em temas como relacionamentos amorosos, casamentos, nascimentos, escândalos, estilos de vida e eventos sociais destacados. Este tipo de jornalismo combina informação e entretenimento, apelando ao interesse pelas histórias pessoais de famosos.

A prensa rosa tem notável popularidade em vários países da América Latina. Por exemplo, no /México, revistas como TVNotas e programas como Ventaneando são amplamente consumidos. Na Argentina, a prensa del corazón foca figuras da farândula local, com programas como Intrusos.

No Brasil, os termos mais próximos são jornalismo de celebridades ou jornalismo de fofocas. Há ampla variedade de publicações a este respeito, das revistas Caras e Tititi ao programa televisivo TV Fama.

Em inglês, o termo tabloid press remonta ao início do século XX, referindo-se a jornais menores que se popularizaram com histórias condensadas e escandalosas.

Nut Graph / Parágrafo Nuez / Parágrafo-Chave

Um nut graph (ou "nut graf") é um termo utilizado no jornalismo, especialmente em países de língua inglesa, para descrever o parágrafo-chave de uma notícia ou reportagem que resume o propósito ou foco principal da história.

O nome vem da ideia de “nuez” (noz), pois encapsula o núcleo da informação em um parágrafo compacto, ajudando o leitor a entender o tema do texto e sua relevância.

O nut graph é crucial porque contextualiza, engaja e economiza tempo para o leitor. Em textos mais longos, ele pode aparecer após alguns parágrafos introdutórios.

Above the Fold / Acima da Dobra

O termo "above the fold" vem do design de jornais impressos tradicionais e é usado no jornalismo, design web e publicidade para se referir ao conteúdo mais visível ou destacado.

Originalmente, referia-se à parte superior de um jornal dobrado, onde ficavam as notícias mais importantes para atrair a atenção dos leitores.

Em português, utiliza-se a tradução “acima da dobra”, hoje mais incomum, mas ainda usada por jornalistas mais experientes.

Stringer / Colaborador Freelancer

Stringer é um termo usado no jornalismo para descrever um repórter ou colaborador independente que trabalha para uma ou várias organizações de notícias, geralmente de maneira remota.

Ao contrário de jornalistas contratados, os stringers não possuem vínculo empregatício formal, sendo pagos por cada material entregue.

Um exemplo seria um fotógrafo em uma zona de conflito que trabalha para várias agências de notícias, enviando imagens e recebendo por cada foto publicada.

Apesar de essenciais para coberturas em áreas remotas ou perigosas, os stringers enfrentam condições precárias, com pouca estabilidade e proteção.

Pitch / Vender a pauta

No contexto jornalístico de língua em inglesa, um pitch é uma proposta de história ou artigo apresentada por um jornalista, escritor ou colaborador independente a um editor ou veículo de comunicação.

O objetivo do pitch é convencer o editor de que a ideia é interessante, relevante e merece publicação. É uma ferramenta essencial para freelancers venderem suas ideias.

Além disso, o pitch ajuda editores a avaliar se a proposta é adequada e como ela se encaixa na agenda editorial.

A melhor tradução para o português é vender a pauta.

Traduzido por André Duchiade
Regras para republicação

Artigos Recentes