Para os jornalistas da cidade argentina de Neuquén , o desmoronamento da obra de um prédio sobre um supermercado , no dia 25 de outubro, foi um desafio para os repórteres.
Para o jornalista Guillermo Berto , a magnitude da tragédia, na qual morreram sete pessoas (outras 17 estão desaparecidas), o horário em que ela aconteceu – 19:45, horário local – e a incerteza “que reinou nas primeiras horas após o fato” fizeram dessa cobertura um desafio.
“A cobertura jornalística foi intensa, demandou muito esforço, muitas horas e nos colocou no limite de nossa capacidade profissional”, argumentou Berto ao Centro Knight.
Por isso, e sabendo que se abre pouco espaço para refletir sobre a profissão, ele convidou repórteres de diferentes veículos para debater sobre o fato. Em seu blog, o Fuera del Expediente, e com a colaboração dos jornalistas Laura Loncopa, do portal 8300 Web, e Federico Aríngoli, do Neuquén al Instante, foi aberto um espaço de reflexão.
“Salvo exceções, a cobertura foi responsável e prudente. Houve uma forte cobrança pela identificação dos responsáveis pela tragédia. Sentimos essa responsabilidade de buscar e contar a história dos encarregados da obra”, acrescentou Berto.
Para Virginia Pirola, jornalista de rádio, um dos maiores problemas foi a falta de colaboração das fontes oficiais, que não queria passar informação.
Sebastián Lafón, fotojornalista, chamou a atenção para o baixo investimento das empresas nas coberturas e ressaltou a importância de uma manual que ajude na cobertura de fatos semelhantes.
Para Federico Aríngoli, jornalista digital, o maior desafio da cobertura ao vivo feita por um portal de notícias foi noticiar o que se passava sem a ajuda das fontes oficiais. Além disso, na cobertura ao vivo, há um limite entre o que se deve e o que não se deve mostrar.
Finalmente, o jornalista e professor universitário Fabián Bergero destacou que a função do jornalista deve ser a de diminuir a angústia da comunidade por meio de informações adequadas. Por isso, é fundamental avaliar que conteúdo divulgar, quem entrevistar e também ter cuidado no uso das redes sociais.
"A partir das notícias surgiram comentários internos sobre abrir novos espaços de intercâmbio, que nos permitam pensar sobre nosso papel e os limites de nossa atuação. Creio que muitos temos vontade de discutir o que deu certo e errado", disse Federico Aríngoli.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.