Por Ingrid Bachmann
O jornal argentino Clarín circulou, na edição desta segunda-feira (28), com a capa em branco, em protesto contra o bloqueio de mais de 12 horas na porta da gráfica da publicação, o que impediu o principal jornal do país de chegar às bancas neste domingo, informaram Opera Mundi, portal G1 e Estado de São Paulo.
Ricardo Kirschbaum, editor-chefe do Clarín, explicou que a capa em branco é um "símbolo do silêncio forçado, da censura imposta por outros meios, e uma metáfora do que o jornalismo pode se tornar se os espaços de liberdade continuarem sendo restritos."
No domingo, os manifestantes também bloquearam a distribuição do jornal La Nación. A ação foi atribuída a pessoas identificadas como trabalhadores demitidos pelos jornais, ambos de maior tiragem no país e de oposição ao governo da presidente Cristina Fernández, explicou a agência de notícias AFP.
Incidentes semelhantes ocorreram nos últimos meses, apesar de uma ordem judicial que proíbe manifestantes de bloquearem as fábricas pertencentes ao Grupo Clarín. A empresa acusou o governo de ficar de braços cruzados, mesmo após a ordem dos tribunais às autoridades para que a circulação do jornal fosse garantida.
O Clarín nega que o incidente esteja relacionado a um conflito sindical e responsabiliza grupos pró-governo pelo ocorrido. Em um editorial, o jornal caracterizou o bloqueio como um ataque à democracia e uma forma de impedir o jornal de falar de corrupção. La Nación também condenou o "sério" ataque à liberdade de imprensa.
No entanto, o governo negou envolvimento nos bloqueios no Clarín e La Nación, de acordo com a Associated Press. O ministro do Trabalho, Carlos Tomada, disse que o incidente foi um conflito trabalhista.
Os bloqueios do Clarín e do La Nación foram condenados pela Associação Argentina de Entidades Jornalísticas e por jornalistas de vários meios de comunicação, assim como pela oposição política.
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» La Razón (Forte repúdio e indignação pelo bloqueio ao Clarín e ao Olé)
» Prensa Latina (Pela primera vez na historia, sem Clarín dominical)
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.