Por Diego Cruz
O corpo do repórter Gregório Jiménez de la Cruz foi encontrado nesta terça-feira (11/01) pelas autoridades estaduais de Veracruz e quatro pessoas ligadas ao assassinato foram presas, conforme informou o El Universal. A notícia entristeceu colegas ao redor do mundo que nos últimos dias saíram às ruas para protestar contra o desaparecimento do jornalista. As mobilizações ganharam espaço nas redes sociais, transformando o incidente na causa da maior manifestação pelos diretos de expressão realizados por jornalistas de língua espanhola até hoje.
Fontes oficiais do estado de Veracruz confirmaram que o corpo de Jiménez de la Cruz, repórter policial dos jornais Notisur e Liberal del Sur, foi encontrado submerso em um poço com dois outros corpos na cidade de Las Choapas, localizada no sul do estado de Veracruz. O jornalista foi sequestrado por um grupo armado em 5 de fevereiro, na cidade de Coatzacoalcos.
Segundo o jornal Reforma, as autoridades informaram que a mandante do crime foi Teresa Hernández Cruz, vizinha de Jiménez de la Cruz. De acordo com as investigações, ela teria contratado os suspeitos de cometer o crime. Carmela Hernandez, esposa de Jiménez de La Cruz, já havia informado que o marido tinha sido sequestrado por gente da comunidade, com quem teria tido problemas ao publicar uma nota sobre um vizinho que era proprietário de um bar.
Os detidos levaram as autoridades estaduais para o local onde os corpos foram descartados. Mais quatro pessoas que podem estar envolvidas no crime estão sendo procurados pela polícia, conforme informou El Universal.
A notícia da morte de Jimenez de la Cruz comoveu jornalistas mexicanos.
" # MeduelesGoyo por um minuto achei que você seria encontrado vivo, que conseguiríamos resgatar um jornalista da morte. PGR investigação.", Escreveu a jornalista Marcela Turati no Twitter.
O sequestro e morte do repórter Jiménez de la Cruz mobilizou os jornalistas mexicanos que saíram as ruas em várias cidades do país e protestaram nas redes sociais, segundo informou o jornal El Universal. A organização de jornalista Pie, postou um vídeo produzido por repórteres da zona sul do estado de Veracruz, no qual foi denunciado que o estado é o mais inseguro para o trabalho dos jornalistas, e que entre 2010 e 2013, foram assassinados nove comunicadores.
“Aqueles que exercem o jornalismo pedem segurança, que Jiménez de La Cruz apareça, que não existam mais sequestros, que nenhuma família chore por alguém desaparecido; a liberdade de expressão não deve ser restrita”, disseram os jornalistas no vídeo.
A organização publicou fotografias e vídeos de repórteres com a boca coberta por mensagens que utilizavam as hashtags #GoyoTeQueremosVivo, #LoQueremosVivo y #QueremosVivoaGoyo, as quais exigiam a libertação de Jiménez de la Cruz
Outro vídeo que circulou pelas redes sociais exigindo a libertação de Jiménez de la Cruz foi postado por jornalistas do El País no México, no qual jornalistas de várias partes do país aparecem falando a frase: Queremos ele vivo!
Em uma carta aberta, o fotojornalista Miguel Ángel López Solana lamentou as “intensas e constantes agressões contra a liberdade de expressão” que ocorrem em Veracruz, que vem resultando em “perdas irreparáveis e sofrimento”. Ele criticou as autoridades pela forma como vêm sendo realizadas as investigações das agressões aos comunicadores. Ele disse que as autoridades “parecem ser cúmplices dos crimes cometidos” por falsificar provas e conhecer “tudo sobre as vítimas e nada sobre os agressores”. López Solana está exilado nos Estados Unidos, depois que a própria família foi assassinada num crime ocorrido há quase dois anos no mesmo estado.
Além dos protestos realizados na cidade onde ocorreu o crime, jornalistas protestaram também na cidade de Acayucan, na sede estadual do Ministério de Segurança Pública (SSP). Os manifestantes foram expulsos de forma agressiva e alguns ficaram feridos. Esses protestos motivaram uma outra marcha na capital do estado, Xalapa, onde os jornalistas criticaram a agressão contra colegas e, novamente, exigiram a libertação de Jiménez de la Cruz, conforme relatou o Democrata.
Em Torreón, Coahuila, a organização Voces Irritilas realizou uma manifestação silenciosa com profissionais de comunicação e estudantes, os manifestantes marcharam com a boca coberta para simbolizar a repressão e carregavam cartazes exigindo que Jiménez de la Cruz fosse libertado, conforme informou o Millennium.
De acordo com o El Universal, os protestos internacionais incluíram jornalistas nos Estados Unidos, América do Sul, Egito, Alemanha, Inglaterra e França. No México os protestos ocorreram nos estados de Chiapas, Coahuila, Puebla, Chihuahua y Quintana Roo.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.