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Bolsas para jornalistas em universidades americanas estão com inscrições abertas. Saiba como se inscrever

Todos os anos, jornalistas latino-americanos se candidatam e são selecionados para bolsas que universidades americanas oferecem.

Esses programas oferecem a oportunidade de desenvolver um projeto profissional ou de adquirir novas habilidades e treinamento.

Uma ex-bolsista, Izabela Moi, disse que sua experiência na Universidade de Stanford parecia ter aberto “uma porta eterna dentro da gente para continuar aprendendo".

Como em anos anteriores, a LatAm Journalism Review (LJR) preparou uma lista de bolsas que são tradicionalmente abertas a jornalistas de fora dos Estados Unidos, além de informações sobre inscrições. Fique atento a mudanças nos programas devido à pandemia de COVID-19: muitas bolsas foram adiadas, adaptadas para modelos remotos etc.

Juntamos também uma lista de ex-alunos de cada programa dos últimos anos. E contamos como essa experiência foi importante para dois jornalistas latino-americanos.

Um divisor de águas 

A jornalista brasileira Izabela Moi, que é cofundadora e diretora executiva da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, participou da turma de 2015 da JSK Fellowships, da Universidade de Stanford, na Califórnia.

"Participar do fellowship, em termos profissionais, acho que foi uma das melhores experiências da minha vida", contou ela à LJR.

A jornalista brasileira fez uma bolsa nos EUA

A jornalista brasileira Izabela Moi disse que a bolsa nos EUA foi uma das melhores experiências profissionais que já teve.

Moi diz que foi para a fellowship com o objetivo de transformar o Mural, que já existia como um blog, realizado por um coletivo de voluntários e voluntárias, em uma agência de jornalismo, com financiamento.

"Não fiz nenhuma aula específica sobre o assunto, mas a fellowship era tão bem estruturada que fui aprendendo, colhendo ferramentas, fazendo relacionamentos que me ensinaram tudo o que precisava ou me deram a coragem de buscar o que precisava. E tem uma coisa muito especial neste programa especificamente: o fato de ficarmos os 20 desenvolvendo projetos ao mesmo tempo, nos faz criar uma relação de trocas que também é muito rica", lembra.

Poucos meses depois de voltar de Stanford, ela e seus colegas lançaram a Agência Mural de Jornalismo das Periferias.

Para ela, a fellowship foi "um divisor de águas", com impactos na sua carreira até hoje.

"Não apenas pelo que aprendi, mas parece que abre uma porta eterna dentro da gente para continuar aprendendo. E os relacionamentos que você faz te conduzem a outras portas e janelas. Eles nos falavam sobre isso, que a experiência deste tipo de aprendizado, muito mão na massa (que é o diferencial de Stanford), é um contínuo, como se apertássemos um botão que não desliga mais. Eu me sinto assim", conta.

Ela acredita que "todo jornalista deve tentar um programa assim". E levar sua família: "fui com meu marido, que aproveitou tanto quanto eu".

Experiência transformadora e livro

O jornalista científico argentino Federico Kukso participou do Knight Science Journalism Program no Massachusetts Institute of Technology (MIT) em 2015 e 2016. Segundo ele, a fellowship "foi transformadora".

"Embora por vários anos eu tenha tido experiências internacionais com viagens de cobertura, cursos, bolsas para congressos científicos e prêmios internacionais (como o Kavli Awards na Noruega) ou tenha participado como palestrante em conferências internacionais de jornalismo científico (no Catar, Finlândia, Coreia do Sul, EUA, etc.), a bolsa do Knight Science Journalism Program no MIT foi transformadora", contou ele à LJR.

Kukso explica que poder passar quase um ano assistindo aulas no MIT e na universidade de Harvard é uma oportunidade única. Mas o período também permitiu que ele se dedicasse de forma integral à pesquisa que originou o seu livro, "Odorama: Historia Cultural del Olor [Odorama: História Cultural do Olfato]". Além disso, Kukso diz que o programa permitiu que ele conhecesse 11 colegas de todo o mundo, com quem trocou opiniões, visões e experiências sobre comunicação e ciência.

Ele destaca que os jornalistas científicos na América Latina têm muito poucas oportunidades de aprofundar e ampliar seus conhecimentos.

Federico Kukso participou de bolsa nos eua

O jornalista científico Federico Kukso participou de uma bolsa nos EUA. Crédito: Alejandra López.

"Em geral, a gente pula de matéria em matéria e não tem tempo nem dinheiro para explorar um assunto em profundidade, devido às limitações econômicas da profissão e à crise jornalística da região, cujos meios durante anos, e mesmo durante a pandemia, não têm apostado na qualidade e na responsabilidade na contratação de jornalistas especializados em ciência e saúde", diz.

Para ele, a bolsa possibilitou uma imersão em outra cultura, "com suas coisas boas e ruins", e também abriu portas a nível internacional.

Além disso, permitiu que ele entendesse que o jornalismo científico feito na América Latina é tão bom ou melhor do que o realizado em outros lugares do mundo. O que falta, segundo ele, são recursos econômicos e apoio de meios, fundações, ONGs, instituições e dos próprios cientistas.

Para colegas jornalistas, Kukso recomenda que não deixem de tentar e se inscrevam nesse tipo de bolsa – mais de uma vez, se necessário.

"Também é importante saber quando se candidatar, em qual momento da carreira se deve fazer isso. Não é fácil se mudar um ano inteiro com a família para outro país", afirma.

Kukso diz que, para além da bolsa, é preciso mudar o "mindset".

"Saber que você pode se aperfeiçoar, aprender coisas novas toda semana, seja em cursos online, seja a cada entrevista, seja visitando laboratórios ou no diálogo com colegas. É sobre exercitar os músculos da nossa curiosidade e assombro."


Nieman Fellowships

Os jornalistas selecionados para a Nieman Fellowship passam dois semestres inteiros na Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, fazendo aulas lá e em outras universidades locais. Eles participam de seminários, palestras, master classes e conferências de jornalismo.

O prazo para bolsistas internacionais é 1º de dezembro de 2021. O prazo para bolsistas dos EUA é 31 de janeiro de 2022.

Alunos atuais e ex-alunos

Patricia Laya (Venezuela, 2022)

Natalia Viana (Brasil, 2022)

Jorge Caraballo Cordovez (Colômbia, 2022)

Natalia Guerrero (Colômbia; 2020 Knight Latin American Nieman Fellow)

Selymar Colón (Porto Rico; 2020)

Juan Arredondo (Colômbia; 2019 Knight Latin American Nieman Fellow)

Laura N. Pérez Sánchez (Porto Rico; 2019)

Sebastián Escalón (Guatemala; 2018 Knight Latin American Nieman Fellow)

Marcela Turati (México; 2017 Knight Latin American Nieman Fellow)

Sandra Barrón Ramírez (México; 2017 Knight Visiting Nieman Fellow)Fellow)

Fabiano Maisonnave (Brasil; 2016 Knight Latin American Nieman Fellow)

Miguel Paz (Chile; 2015)

Elaine Díaz Rodríguez (Cuba; 2015)

Sandra Rodríguez Nieto (México; 2014)

Paula Molina (Chile; 2013)

Daniel Eilemberg (México; 2013 Knight Visiting Nieman Fellow)

Carlos Eduardo Huertas (Colômbia; 2012 Knight Latin American Nieman Fellow)

Claudia Méndez Arriaza (Guatemala; 2012 Knight Latin American Nieman Fellow)

Fernando Berguido (Panama; 2011 -2012)

Pablo Corral Vega (Equador; 2011 Knight Latin American Nieman Fellow)

Hollman Morris Rincón (Colômbia; 2011 Knight Latin American Nieman Fellow)


O'Brien Fellowship in Public Service Journalism

Bolsistas selecionados para este programa completam um projeto multimídia de jornalismo de serviço público que integra alunos da Marquette University como parte da equipe de reportagem. Eles dão preferência a candidatos dispostos a morar no campus, na área de Milwaukee, mas a bolsa está aberta a pessoas que querem estudar remotamente.

O prazo para inscrição é 21 de janeiro de 2022


Reynolds Journalism Institute Fellowships

O Reynolds Journalism Institute em Columbia, Missouri, oferece três tipos de bolsas: residencial, não residencial e institucional. Como parte das duas primeiras bolsas, os jornalistas irão passar um tempo na Escola de Jornalismo do Missouri ou realizar um projeto por conta própria. A terceira bolsa é voltada para gerentes e executivos em busca de projetos em suas instituições ou empresas de jornalismo.

As inscrições vão até 25 de março de 2022.

Ex-alunos 

Alejandro González (Cuba; 2016-2017 Reynolds Journalism Institute Residential)


Knight-Wallace Fellowships

As bolsas Knight-Wallace para Jornalistas incluem um ano acadêmico de estudo na Universidade de Michigan com seminários privados, workshops colaborativos e viagens internacionais. A Wallace House criou a Knight-Wallace Reporting Fellowship para o ano acadêmico de 2020-2021 e repetiu esse modelo para 2021-2022. A Reporting Fellowship  permite que os bolsistas permaneçam onde moram e se juntem a organizações de notícias locais ou nacionais para um projeto de reportagem. Todos os bolsistas de reportagem devem ser residentes nos Estados Unidos ou possuir passaporte dos Estados Unidos. As inscrições para a Reporting Fellowship de 2021-2022 estão encerradas.

Alumni

Andrea González-Ramírez (Porto Rico, 2021-2022 Knight-Wallace Reporting Fellow)

Valeria Collazo Cañizares (Porto Rico; 2020-2021 Knight-Wallace Reporting Fellow)

Ana Avila (México; 2019-2020)

Maurício Meireles (Brasil; 2019-2020)

Marielba Núñez (Venezuela; 2019-2020)

Daigo Oliva (Brasil; 2018 -2019)

Alberto Arce (México; 2017-2018)

Marcelo Moreira (Brasil; 2017-2018)

Mariana Versolato (Brasil; 2017-2018)

Fernando Canzian Da Silva (Brasil; 2016-2017)

Gustavo Patu (Brasil; 2016-2017)

Ricardo Balthazar (Brasil; 2015-2016)

Cecilia Derpich (Chile; 2015-2016)

Silas Martí (Brasil; 2015-2016)

Maria Isabel Soldevila Brea (República Dominicana; 2015-2016)

Eduardo Augusto Geraque (Brasil; 2014-2015)

Maria Natalia Ortega (Colômbia; 2014-2015)

Sergio Rangel (Brasil; 2014-2015)

Martin Bidegaray (Argentina; 2013-2014)

Sylvia Colombo (Brasil; 2013-2014)

Toni Sciaretta (Brasil; 2013-2014)

Silvio EG Cioffi (Brasil ; 2012-2013)

Federico Monjeau (Argentina; 2012-2013)

Sabine Righetti (Brasil; 2012-2013)

Julian Gorodischer (Argentina; 2011-2012)

Alencar Izidoro (Brasil; 2011-2012)

Marcelo Leite (Brasil; 2011-2012)


John S. Knight Journalism Fellowships

Os JSK Fellowships são baseados na Universidade de Stanford, na Califórnia, e destinam-se a jornalistas “que estão criando soluções para os problemas mais urgentes do jornalismo”. Com a pandemia de COVID-19, o JSK Fellowships criou programas em um modelo remoto, como a JSK Community Impact Fellowship, que permite aos bolsistas permanecerem em suas comunidades nos Estados Unidos e conduzir projetos para diminuir as lacunas de informação para pessoas de cor. A bolsa, em sua segunda edição, está com as inscrições fechadas para 2021-2022. Para se inscrever, é preciso já ter autorização para trabalhar nos EUA.

Ex-alunos

Joseph Poliszuk (Venezuela; 2020 JSK Press Freedom Fellow)

Natália Mazotte (Brasil; 2020 Knight Fellow latino-americana)

Florencia Coelho (Argentina; 2019 Knight Latin American Fellow)

Guilherme Amado (Brasil; 2018 Knight Latin American Fellow)

Barbara Maseda (Cuba; 2018 )

Juan Pablo Meneses (Chile; 2017 Knight Latin American Fellow)

Nathalie Alvaray (Venezuela; 2016 Yahoo! International Fellow)

Daniela Pinheiro (Brasil; 2016 Knight Latin American Fellow

Izabela Moi (Brasil; 2015 Knight Latin American Fellow)

Ana Maria Carrano (Venezuela ; 2014 Knight Latin American Fellow)

Maria Lilly Delgado (Nicarágua; 2013 Yahoo! International Fellow)

Adriana Garcia (Brasil; 2013 Knight Latin American Fellow)

Jorge Imbaquingo (Equador; 2012 Knight Latin American Fellow)

Judith Torrea (México; 2012 Yahoo! International Bolsista)

Gabriela Mafort (Brasil; Bolsista Knight para a América Latina 2011)


Programa Knight de Jornalismo Científico no MIT

Esta bolsa de 9 meses está aberta a jornalistas de todo o mundo para estudo no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Universidade de Harvard e outras instituições de ensino superior em Cambridge e arredores de Boston. É para "aqueles que trabalham na interseção complexa e muitas vezes turbulenta da ciência e da vida pública". Com a pandemia, o programa tradicional foi substituído por um remoto em 2021-2022. As bolsas remotas estão disponíveis apenas para jornalistas baseados nos EUA. A previsão é que o programa tradicional seja retomado no ano acadêmico de 2022-23. As inscrições para o programa de 9 meses costumam ficar abertas de novembro até janeiro.

Ex-alunos

Thiago Medaglia (Brasil; 2019-2020)

Iván Carrillo Pérez (México; 2016-2017)

Federico Kukso (Argentina; 2015-2016)

Oriana Fernandez (Chile; 2014-2015)

Giovana Girardi (Brasil ; 2014-2015)

Pablo Correa (Colômbia; 2012-2013)

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