Por Maira Magro
Os jornais Clarín e La Nación, donos de 71,5% das ações da fábrica argentina de papel-jornal Papel Prensa, publicaram uma carta pedindo ao governo nacional que se retire do capital da empresa para que ela possa atender seus clientes “sem ingerência política”.
A Papel Prensa abastece 95% dos jornais no país, fornecendo papel para 170 veículos, diz o Clarín, e funciona como uma sociedade partilhada entre os dois diários e o Estado. Desde setembro do ano passado, a empresa se vê no meio de uma grande polêmica entre o governo e os meios de comunicação no país.
Na carta publicada no domingo, 13 de junho, os jornais afirmam que um contrato de 1972 obriga o Estado a retirar-se da condição de sócio minoritário em dez anos, mas isso nunca ocorreu. A carta também reclama que “há nove meses o governo vem levando adiante uma série de ações que colocam obstáculos na gestão da Papel Prensa.” O governo argentino, por sua vez, acusa a diretoria da empresa de ter praticado "graves irregularidades".
O Clarín acusou representantes do governo de travar uma reunião na semana passada e intimidar diretores independentes em mais de uma ocasião.
Os dois jornais também condenaram a intenção do governo de incorporar à Papel Prensa a falida Papelera Quilmes (ex Massuh), dirigida pelo secretário de Comércio, Guillermo Moreno. "Não é responsabilidade da Papel Prensa assumir as nefastas consequências e os custos derivados dos erros recorrentes cometidos pelo governo em sua intervenção na Massuh", afirmou La Nación.
Na segunda-feira, a presidente Cristina Kirchner defendeu cotas de venda de papel para os jornais no interior, informou o Clarín, e disse que a Papel Prensa deve produzir mais para evitar a importação.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.