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Crime organizado é o principal inimigo da imprensa, diz relatório da Repórteres Sem Fronteiras

O crime organizado — seja o narcotráfico, as máfias ou as forças paramilitares — representa hoje a maior ameaça aos jornalistas, segundo um novo relatório divulgado na quinta-feita 24 de fevereiro pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Nos últimos 10 anos, 141 jornalistas foram assassinados por investigar temas relacionados ao crime organizado, diz o documento.

relatório se baseia, em parte, em material coletado durante o 8º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas, organizado pelo Centro Knight em setembro de 2010. No evento, os jornalistas participantes assinaram uma declaração condenando a violência contra a imprensa.

Além de destacar os desafios e riscos da cobertura do crime organizado, que muitas vezes não passa de contagem de mortos, o texto da RSF salienta: "a imprensa não está unida contra o crime organizado, os profissionais trabalham isoladamente e sem recursos e sua capacidade de investigação se perde na busca por notícias quentes".

A organização conclui o relatório com diversas recomendações, entre elas:

    • Os jornalistas devem aproveitar melhor a internet para melhorar a cobertura.
    • Os repórteres que cobrem uma mesma “zona de conflito” deveriam compartilhar recursos e informação.
    • As organizações de mídia deveriam desenvolver um sistema de alerta e de apoio para jornalistas e correspondentes em regiões de risco.
    • Os veículos e as universidades deveriam oferecer uma formação específica para a cobertura do crime organizado.
    • Associações de jornalistas deveriam ser criadas em alguns países, “para controlar os ativos e o capital dos grupos de imprensa, com o objetivo de evitar ou limitar quaisquer influências financeiras sobre sua independência”.
    • Os grandes veículos nacionais e internacionais deveriam prestar mais atenção e levar mais em conta os perigos enfrentados pelos jornalistas que cobrem crime organizado.

“Um fenômeno transnacional, o crime organizado não se limita a eventuais ajustes de contas sangrentos ou a histórias de crimes contadas pelos jornais locais”, diz o relatório. “É uma verdadeira economia paralela, com enorme influência sobre a economia legal e que a imprensa tem muita dificuldade de cobrir. Sua inacessibilidade faz dele uma ameaça ainda maior tanto à segurança dos jornalistas, como à capacidade de investigação do ‘quarto poder’”.

Veja nos vídeos abaixo entrevistas com Álvaro SIerra, instrutor de um curso do Centro Knight sobre cobertura do narcotráfico, e María Teresa Ronderos, instrutora do novo curso do Centro Knight, “Editores em Tempos de Internet”. (O prazo de inscrição vai até 28 de fevereiro).

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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