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Documentário sobre violência contra jornalistas no México será lançado no primeiro aniversário do assassinato de Javier Valdez

A equipe de filmagem por trás do mais recente documentário sobre violência contra jornalistas no México passou três anos (2015-2017) trabalhando no projeto. Estes três anos foram os mais sangrentos para a imprensa do país, dizem eles.

A equipe de filmagem por trás do mais recente documentário sobre violência contra jornalistas no México passou três anos (2015-2017) trabalhando no projeto. Estes três anos foram os mais sangrentos para a imprensa do país, dizem eles.

"O dado que reflete a seriedade das coisas no México é que enquanto estávamos fazendo esse documentário, 33 jornalistas foram assassinados e um está desaparecido", disse Témoris Grecko, produtor, investigador e roteirista do documentário "No se mata la verdad” (“Não se mata a verdade”), disse ao Centro Knight. "Quanto mais o tempo passava, mais a lista crescia."

O filme vai estrear em 14 de maio em Culiacán, Sinaloa, em comemoração ao primeiro aniversário do assassinato do renomado jornalista mexicano Javier Valdez, que foi morto a tiros em 15 de maio de 2017 naquela cidade, onde também nasceu. O filme será exibido na Cidade do México em 17 de maio. Em ambas as datas, a exibição será seguida por uma conversa com os cineastas e alguns dos parentes dos jornalistas assassinados, como a esposa de Valdez, Griselda Triana.

No filme, o diretor leva o espectador desde Tijuana, no loeste do México, na direção este até a costa do Caribe.

O objetivo era "apresentar uma espécie de quadro geral do tipo de agressão, embora tenhamos deixado muitos casos fora porque é impossível incluir uma perspectiva de tudo o que aconteceu [nos últimos anos] em pouco mais de uma hora e meia”, disse Grecko, acrescentando que inicialmente pensava em terminar o documentário em 2017, mas como ano passado foi “especialmente difícil” para a imprensa devido ao grande número de casos importantes que ocorreram, eles decidiram continuar trabalhando no projeto.

Além do assassinato de Valdez, o documentário inclui as mortes dos jornalistas Moisés SánchezRubén Espinosa e Miroslava Breach e casos de violência contra a imprensa nas áreas fronteiriças entre os Estados Unidos e o México, onde predomina o narcotráfico.

Um trailer do documentário mostra filmagens de alguns dos jornalistas citados falando sobre censura e ataques, e depois traz imagens de pessoas protestando depois de seus assassinatos. Imagens de um programa de televisão em que um dos palestrantes difama Espinosa após sua morte mostram que muitos jornalistas não estão seguros, mesmo depois de serem mortos.

A trailer for the documentary places footage of some of the aforementioned journalists speaking about censorship and attacks just before showing images of people marching in the street after their murders. Footage from a television program in which one of the speakers smears Espinosa following his death shows that many journalists are not safe even after they are killed.

O documentário também traz as perseguições dos jornalistas Carmen Aristegui, Pedro Canché e do jornal Luces del Siglo por funcionários do governo.

"No se mata la verdad" é a primeira parte de um projeto multimídia que leva o mesmo nome, e cuja sequência será uma série de televisão, um livro e um microsite sobre ataques contra a imprensa que acontecem em 2018 e durante o período eleitoral.

Juntamente com a exibição do documentário, a criadora do projeto, Ojos de Perro vs. Impunidad, e outros coletivos, instituições e organizações culturais e educacionais, bem como grupos da sociedade civil, organizaram uma série de atividades em várias cidades do país. Elas incluem conversas que começam em 12 de maio e continuam até o final do mês. Uma lista das atividades planejadas e transmissões ao vivo do documentário pode ser encontrada no Facebook e no YouTube.

Por essa razão, eles confiaram na disposição da autogestão de vários grupos para essas atividades e lançaram apelos para que qualquer pessoa, grupo ou organização propusesse e realizasse seu próprio evento ao lado deles sobre o tema da violência contra a imprensa no México.

Ojos de Perro vs. Impunidad, uma associação civil multidisciplinar, foi criada em novembro de 2014 e é composta por jornalistas, cineastas, fotógrafos, romancistas e músicos. Grecko, um dos seus fundadores, é um jornalista mexicano independente que cobriu conflitos armados em todo o mundo, em países como a Líbia, o Egito, o Irã, a Síria, a Palestina, o Congo e as Filipinas.

Segundo Grecko, Ojos de Perro realiza investigações e cria produtos de comunicação em seis eixos temáticos: impunidade, corrupção, desigualdade, direitos humanos, direitos de gênero e meio ambiente.

Após o desaparecimento de 43 estudantes de um colégio de professores em Ayotzinapa em setembro de 2014, uma onda de indignação passou pelo México e vários grupos foram formados em nível profissional, disse Grecko. Assim nasceu Ojos de Perro. O primeiro documentário da organização foi "Observando-os morrer: o exército mexicano e os 43 desaparecidos" sobre os alunos desaparecidos.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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