O proprietário do "Jornal da Praça", Luis Henrique Georges, foi assassinado a tiros na tarde dessa quinta-feira, 4 de outubro, em uma avenida de Ponta Porã, cidade do Mato Grosso do Sul separada por uma rua de Pedro Juan Caballero, município paraguaio, segundo informações do Uol.
Conhecido por "Tolu", o empresário sofreu o atentado enquanto dirigia uma caminhonete Pajero ao lado de dois funcionários, de acordo com o site A Gazeta News. Um deles morreu e outro está em estado grave. Os tiros foram disparados pelos ocupantes de outra caminhonete que ficou emparelhada à do dono do jornal.
Tolu comprou o "Jornal da Praça" recentemente, único diário da região e para o qual trabalhava o jornalista Paulo Rocaro, fuzilado na mesma avenida em fevereiro deste ano. Rocaro frequentemente escrevia sobre política e tráfico de drogas e a polícia suspeita que o crime tenha ligação com suas atividades jornalísticas.
Em entrevista à RBV News, Edmundo Tazza, editor-chefe do jornal, disse que a reportagem de capa desta sexta-feira, 5 de outubro, trazia graves acusações contra um dos candidatos à prefeitura da cidade, onde há uma forte disputa partidária. “Não podemos acusar ninguém, já que não há provas, mas é muita coincidência este atentado ter acontecido logo depois do jornal ter publicado as acusações”, afirma Tazza.
A fronteira entre Brasil e Paraguai é considerada uma área de risco para a cobertura jornalística, "uma zona sem lei e ponto de trânsito importante para o contrabando de armas e drogas", segundo uma reportagem especial do International Press Institute divulgada em março deste ano. Além de atentados, casos de ameaças de morte, como as dirigidas ao correspondente paraguaio Cándido Figueredo, são frequentes.
O Brasil está entre os países mais perigosos para jornalistas do mundo no primeiro semestre de 2012, segundo pesquisa do INSI. Só este ano, já chega a oito o número de profissionais da imprensa assassinados no país. À execução de Tolu somam-se os casos de Laércio de Souza, Mario Randolfo Marques Lopes, Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, Onei de Moura, Divino Aparecido Carvalho, Décio Sá e Valério Luiz de Oliveira. Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), o país ainda apresenta um índice de impunidade de 75%.
Para o CPJ, o Brasil é o país com mais mortes de jornalistas por motivos confirmados relacionados à profissão em 2012 no continente americano.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.