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Fellowships, bolsas e oportunidades abertas para jornalistas da América Latina para 2025 e 2026

As fellowships — termo em inglês que não tem uma tradução perfeita para o português ou espanhol, sendo geralmente traduzido como "bolsa" — oferecem oportunidades para jornalistas repensarem suas carreiras, expandirem significativamente seus conhecimentos e habilidades, dedicarem-se a densos projetos de pesquisa e formarem importantes redes de contatos profissionais.

Passagens por esses programas estão presentes nos currículos de muitos dos mais bem-sucedidos jornalistas latino-americanos, e por tudo isso eles são enormemente cobiçados e disputados.

Nesta época do ano, há um número grande de oportunidades com inscrições abertas para o ano de 2025 e 2026. Assim como fazemos todos os anos na LatAm Journalism Review (LJR), apresentamos abaixo um compilado dos programas disponíveis para jornalistas latino-americanos, com breves descrições de cada iniciativa.

Os programas são variados entre si, e vão desde oportunidades para estudantes e profissionais em início de carreira, até iniciativas para quem já está no mercado há muitos anos. Alguns programas têm curta duração, enquanto outros duram quase um ano inteiro. Em praticamente todos os casos, é necessário o domínio do inglês.

Processos seletivos que ainda não possuem datas, como a bolsa do Instituto Reuters, na Universidade de Oxford, que abre inscrições em janeiro, ou a do World Press Institute, que inicia a seleção em dezembro, não foram incluídos na listagem.

Nem todos os programas aceitam inscrições de todos os países da região, e alguns impõem critérios como faixa etária ou tempo mínimo ou máximo de experiência. Incluímos também bolsas de reportagem e outras oportunidades na listagem.

A lista abaixo está organizada com base nos prazos de encerramento das inscrições, das mais próximas às mais distantes. Recomendamos que qualquer pessoa interessada em se inscrever visite os sites oficiais dos programas para obter mais detalhes.

Early-Career Fellowship da The Open Notebook (31 de outubro)

O programa Early-Career Fellowship Program da The Open Notebook, organização que apoia e promove capacitações em jornalismo científico, está com inscrições abertas para o período de 2025. 

Durante um ano, jornalistas em início de carreira trabalham com um mentor, planejando, reportando e escrevendo artigos para a The Open Notebook, participando também da equipe editorial. 

O programa é remoto e requer um compromisso semanal de cinco a sete horas por semana, com variação dependendo da fase do processo de reportagem e escrita. A iniciativa visa explorar interesses profissionais, desenvolver habilidades e formar uma comunidade diversa e talentosa de ex-bolsistas e mentores.

A bolsa tem duração de 12 meses, com início em 24 de fevereiro de 2025, e oferece um valor de US$ 6.600 (R$ 37.600), pagos em quatro parcelas. Os bolsistas produzem quatro artigos para a The Open Notebook, participam de reuniões semanais com um mentor, e têm acesso a uma comunidade no Slack com outros participantes e editores. 

É necessário ter experiência prévia em escrever para o público em geral, e a bolsa é destinada a jornalistas com menos de três anos de experiência profissional em jornalismo científico. 

Para se candidatar, é preciso enviar respostas sobre o interesse na bolsa, experiência prévia, propostas de reportagens, um currículo, uma carta de referência e exemplos de trabalhos publicados, que precisam ser traduzidos para o inglês, se necessário. 

As inscrições devem ser enviadas até as 23h59 (horário central dos EUA) do dia 31 de outubro de 2024. A carta de referência pode ser enviada até 6 de novembro de 2024.

Para mais informações, visite este site.

Kiplinger Fellowship ((1º de novembro)

A Kiplinger Fellowship está com inscrições abertas para a edição de 2025 e é voltada para jornalistas do mundo todo, oferecendo de 20 a 25 vagas.

O programa de 2025 tem curta duração e terá como foco a inteligência artificial (IA), explorando seu uso adequado no jornalismo e seu impacto na reportagem, na escrita, no jornalismo de dados e para fontes. Os principais temas abordados em sessões com pesquisadores e lideranças da área incluirão ética e confiança pública, escrita e edição com IA, IA e dados, IA para áudio e imagens e detecção de imagens falsas geradas por IA, entre outros.

O programa acontecerá de domingo, 23 de março, a sexta-feira, 28 de março, na Universidade de Ohio, em Athens, Ohio. Jornalistas com no mínimo cinco anos de experiência são elegíveis. As inscrições vão até meia-noite do dia 1º de novembro, no horário da Costa Leste dos EUA.

As bolsas oferecem hospedagem, a maioria das refeições, treinamento gratuito e uma ajuda de custo de 80% para transporte fornecida pela Programa Kiplinger.

Para se inscrever, é necessário preencher o formulário online disponível no site do Programa Kiplinger/Scripps College of Communication. Os candidatos devem fornecer informações essenciais sobre si mesmos, seu empregador, sua carreira até o momento, explicar por que desejam participar do programa e apresentar amostras de trabalho. Todas as informações precisam ser enviadas em inglês.

Para mais informações, visite este site.

Bolsa de reportagem do International Center for Journalists (1º de novembro)

O International Center for Journalists (ICFJ) anunciou uma nova iniciativa de bolsas de reportagem voltada para jornalistas. O programa oferecerá subsídios de US$ 2 mil a US$ 3 mil (R$ 11.400 a R$ 17.100), além de mentoria, para pelo menos dois projetos vencedores. 

Com prazo final de inscrição até 1º de novembro, o programa busca apoiar reportagens que não se encaixam nos programas existentes da organização.

A primeira chamada de propostas está focada em reportagens sobre o clima e as mudanças climáticas, com ênfase em narrativas que abordem o tema no Sul Global. Para concorrer, é necessário se cadastrar no site do ICFJ e passar a integrar a rede do centro.

 Os selecionados terão três meses para desenvolver suas matérias. Jornalistas que vivem em países onde o ICFJ ainda não possui programas ativos são especialmente incentivados a participar. 

Para mais informações, visite este site.

Nieman Fellowship (1º de dezembro)

Uma das mais prestigiadas e concorridas bolsas para jornalistas do mundo, que está com inscrições abertas para o ciclo 2025-2026. Os selecionados passam dois semestres completos na Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts, com liberdade para definir suas próprias agendas de estudos e participar de diversas atividades acadêmicas e jornalísticas, como seminários, palestras e masterclasses. É necessário ter no mínimo cinco anos de experiência para concorrer.

Front row, from left: Elsie Chen, Sonya Groysman, Denise Hruby, Lebo Diseko Manasseh Azure Awuni, Andrea Patiño Contreras, Beandrea July, Sarah Varney. Back row, from left: Jaemark Tordecilla, Julian Benbow, Annie Jieping Zhang, Yana Lyushnevskaya, Jikyung Kim, Javier Lafuente, Ben Curtis, Ann Marie Lipinski (Nieman curator), Denise Schrier Cetta, Johanna Wild, Ilya Marritz, Rachel Pulfer, Andrew Ryan, Cristela Guerra, Julia Barton, Surabhi Tandon, James Barragán.

Os bolsistas Nieman de 2024 com Ann Marie Lipinski, curadora da Nieman Foundation for Journalism em Harvard (Foto: Lisa Abitbol/Nieman Foundation)

Os participantes recebem uma bolsa de US$ 85 mil, paga ao longo de nove meses, para cobrir custos de vida durante o período da bolsa. Além disso, a Fundação Nieman oferece seguro de saúde para o bolsista, cônjuge e filhos, e uma ajuda de custo para cuidados infantis.

As inscrições para candidatos internacionais (não cidadãos dos EUA) devem ser enviadas até 1º de dezembro de 2024, e os candidatos americanos têm até 31 de janeiro de 2025 para se inscrever. Há 12 vagas para americanos, e 12 vagas para candidatos do resto do mundo.

É necessário enviar dois ensaios: uma declaração pessoal e uma proposta de estudo em Harvard. Os candidatos também devem incluir amostras de trabalhos recentes e três cartas de recomendação que atestem suas habilidades e potencial para crescimento profissional, tudo em inglês.

Além de aproveitar o que a universidade oferece, os bolsistas participam de uma série de atividades semanais organizadas pela Fundação Nieman, que incluem conversas com jornalistas de destaque e outros convidados de renome. A Fundação Nieman também oferece cursos de escrita de não ficção para os bolsistas e seus parceiros.

A bolsa também conta com uma versão simplificada, chamada Nieman Visiting Fellowships, com data de inscrição ainda a ser definida. Essa modalidade exige apenas informações biográficas, um currículo e uma proposta de projeto a ser desenvolvido durante o período da bolsa.

Entre os escolhidos latino-americanos dos últimos anos estão a venezuelana Patricia Laya (2022), os colombianos Andrea Patiño Contretas (2024), Jorge Valencia (2023) e Jorge Caraballo Cordovez (2022), a brasileira Natalia Viana (2022), o chileno Miguel Paz (2015) e a cubana Elaine Díaz Rodríguez (2015).

Para mais informações, visite este site.

Knight-Wallace Fellowship (1º de dezembro)

A Knight-Wallace Fellowship, sediada na Universidade de Michigan, propicia a jornalistas dois bens muito desejados: tempo livre e recursos. Para o programa de oito meses, entre agosto e abril, até 20 jornalistas, sendo geralmente seis não americanos e os demais americanos, recebem uma bolsa de US$ 85 mil (R$ 485 mil), mais US$ 5 mil (R$ 28.500) para despesas ligadas à mudança. 

Para se candidatar, é preciso mandar o currículo, uma declaração de intenções, um projeto de jornalismo e exemplos de trabalhos publicados.

O site da bolsa propõe que assim sejam os projetos inscritos, em cerca de 500 palavras:

“Não precisamos saber os cursos específicos que você faria, mas sim as áreas acadêmicas e os temas que deseja explorar e/ou os recursos da universidade que planeja utilizar. Seja criativo e autêntico. Escolha um projeto que esteja alinhado com seus objetivos e paixões”. 

As áreas de foco podem incluir, mas não se limitam a, aprimorar habilidades profissionais, abordar desafios enfrentados por sua redação, investigar dados e pesquisas para um projeto de reportagem de longo prazo ou desenvolver um empreendimento jornalístico. 

O programa se orgulha de oferecer tempo para os participantes se dedicarem ao que bem entenderem. 

“O modo mais fácil de descrevê-lo é como um ano sabático para jornalistas experientes” afirmou Lynette Clemetson, diretora do programa. 

Segundo ela, os participantes são incentivados a seguirem cursos ligados ao projeto que apresentaram, e também aulas que tenham a ver somente com o seu “personal enjoyment, curiosity, and growth”.

Os profissionais escolhidos costumam vir de várias áreas diferentes do jornalismo.

Para mais informações, visite este site.

Maurice R. Greenberg World Fellows Program (4 de dezembro)

Profissionais em meados de carreira cujo trabalho se concentra fora dos Estados Unidos podem se candidatar à prestigiosa bolsa Maurice R. Greenberg World Fellows, que acontece anualmente de agosto a dezembro na escola de Assuntos Globais da Universidade de Yale.

A bolsa não é exclusiva para jornalistas, mas profissionais de imprensa rotineiramente participam do programa: desde 2002, já foram mais de 60. Da América Latina, o programa já recebeu participantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Nicarágua, Peru e Venezuela. 

A candidatura exige o envio de um currículo vitae, de uma declaração pessoal de até mil palavras e de três cartas de recomendação. Mais de mil candidatos participam da seleção todos os anos, e cerca de 15 são escolhidos.

Os candidatos escolhidos recebem uma ajuda de custo para a vida em New Haven, um apartamento mobiliado, seguro de saúde e passagens aéreas.

A rotina dos participantes costuma ser movimentada.

“O tempo de um World Fellow no campus de Yale é curto, mas doce. Também está longe de ser típico. Os dias são repletos de atividades, incluindo sessões com outros membros da turma, estudantes, professores e além”, diz o chamado. 

“O programa tem como objetivo proporcionar aos Fellows a oportunidade de evoluir suas perspectivas de mundo e refinar seus objetivos, mas os momentos para reflexão geralmente são inseridos entre dias agitados e um período intenso em New Haven”, acrescenta.

Para mais informações, visite este site.

Fellowship John S. Knight da Universidade de Stanford (6 de dezembro)

A prestigiada JSK Fellowship, sediada na Universidade de Stanford, na Califórnia, abre suas inscrições para o ciclo 2025-2026 no dia 1º de novembro, aceitando candidaturas internacionais até o dia 4 de dezembro, e de americanos até o dia 15 de janeiro.

Anualmente, o programa convida até 20 jornalistas de diversas origens para trabalhar em projetos que têm o objetivo de desenvolver soluções para problemas prementes do jornalismo contemporâneos, com o objetivo de, segundo seu chamado, “desenvolver a resiliência de liderança necessária para prosperar no complexo cenário informacional atual”.

Os bolsistas recebem mentoria personalizada, participam de programações especializadas e encontros em grupo.

Os bolsistas selecionados estarão no campus de Stanford de setembro de 2025 a maio de 2026 e devem se dedicar integralmente ao programa. O JSK oferece um valor de US$ 125 mil (R$ 713 mil) como bolsa, além de cobrir os custos de matrícula em Stanford e seguro de saúde para os bolsistas e suas famílias. 

Os candidatos em potencial têm a oportunidade de tirar dúvidas sobre a experiência da bolsa e os detalhes da inscrição durante uma série de webinários ao vivo que os responsáveis pelo programa realizarão nos próximos meses. O primeiro encontro será às 13h (horário de Brasília) no dia 4 de novembro. A lista de datas dos webinários e os links para inscrição estão numa página do site do programa. 

Um site reúne relatos de participantes atuais e passados da bolsa, descrevendo as reflexões e ideias que têm durante o programa.

Para mais informações, visite este site.

Rainforest Investigations Network (31 de dezembro)

A Rainforest Investigations Network (RIN) é uma iniciativa do Pulitzer Center lançada em 2020 para investigar as interseções entre a mudança climática, a corrupção e a governança na Amazônia, Bacia do Congo e Sudeste Asiático.

No primeiro ano, a RIN selecionou 13 bolsistas de 10 países; no segundo, o grupo expandiu para 19 bolsistas de 12 países; e no terceiro ano, foram selecionados 13 bolsistas de 9 países. Atualmente, a RIN está apoiando 9 bolsistas de 6 países.

Os bolsistas contam com o suporte da equipe de dados e pesquisa da RIN para aplicar técnicas inovadoras de investigação, como a exploração de grandes volumes de documentos e análise geoespacial ao longo de um ano. 

Tanto jornalistas que integram veículos quanto freelancers podem participar, mas os últimos precisam ter o apoio de uma redação local ou internacional que se comprometa a hospedar e publicar o trabalho produzido durante a bolsa. 

O Pulitzer Center diz estar especialmente interessado em repórteres que possuam um entendimento profundo das forças científicas, ambientais, sociais, legais, políticas e comerciais que influenciam o desmatamento e a degradação florestal no mundo.

A fellowship exige dedicação em tempo integral e oferece apoio financeiro, cobrindo o salário do repórter (ou parte dele, dependendo de variáveis como localização e experiência). Despesas de reportagem, como viagens e contratação de consultores, também são cobertas.

Os bolsistas selecionados deverão se comprometer a realizar atividades de engajamento relacionadas às suas investigações, como reuniões em comunidades e visitas a escolas e universidades para compartilhar os resultados.

"A comunidade RIN foi incrivelmente solidária com todo o trabalho que fiz, inspirando-me com seus próprios projetos, compartilhando informações obtidas por meio de suas fontes e oferecendo conselhos. Eles me apoiaram durante os momentos difíceis do processo de reportagem", afirmou a repórter brasileira Manuela Andreoni, que foi bolsista em 2021 e hoje trabalha no The New York Times. 

Para mais informações, visite este site.

Fellowship em Auschwitz para o Estudo da Ética Profissional (2 de janeiro)

A Fellowship em Auschwitz para o Estudo da Ética Profissional (Faspe, na sigla em inglês) é um programa intensivo de estudo de duas semanas em ética profissional e liderança ética.

Diferente de um curso sobre o Holocausto ou um programa de prevenção ao genocídio, o programa Faspe desafia os bolsistas a examinarem de modo crítico questões éticas contemporâneas. O programa investiga as motivações e condutas de jornalistas alemães e internacionais na promoção ou deturpação das políticas nazistas, utilizando esses exemplos históricos para ajudar os bolsistas a compreenderem seu papel e responsabilidade como influenciadores em suas comunidades. 

O objetivo é encorajar a identificação e o enfrentamento das questões éticas que os jornalistas e as instituições de mídia enfrentam atualmente.

O programa seleciona anualmente de 13 a 16 estudantes de jornalismo e jornalistas em início de carreira para participar do programa. Os bolsistas passam duas semanas em Berlim e na Polônia, onde visitam locais históricos relacionados ao regime nazista e participam de seminários diários conduzidos por professores especializados. 

Os bolsistas de jornalismo viajam junto de bolsistas das áreas médica e clerical, permitindo um entendimento mais amplo sobre o papel de profissionais em contextos interdisciplinares, com atividades e seminários conjuntos. As bolsas são totalmente financiadas.

Para se candidatar, os candidatos precisam se enquadra em uma das seguintes categorias: 1) ter alguma experiência jornalística, mas não mais que 5 anos (seja em uma redação universitária ou em outro ambiente), e estar matriculado em um programa de pós-graduação com planos de trabalhar como jornalista; 2) ter concluído a graduação e estar trabalhando como jornalista, com no máximo 5 anos de experiência profissional no momento da inscrição; ou 3) ter concluído um programa de pós-graduação e estar trabalhando como jornalista, também com no máximo 5 anos de experiência profissional.

O programa prioriza candidatos que já tenham trabalhos jornalísticos publicados ou transmitidos por veículos reconhecidos e busca bolsistas com interesses diversos e carreiras em diferentes formas de narrativa, como repórteres, editores, fotojornalistas e documentaristas em contextos locais, nacionais ou internacionais.

O programa de 2025 vai acontecer de 20 de junho a 4 de julho, com inscrições já abertas.

Para mais informações, visite este site.

 

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