Na América Latina, a biodiversidade é tão extraordinária quanto o são as ameaças ao meio ambiente. A combinação entre ecossistemas diversificados e perigos abundantes, legais ou ilegais, torna o tema ambiental fecundo para jornalista, com abundância de pautas da Patagônia ao Caribe.
Diversas iniciativas buscam incentivar e premiar o jornalismo ambiental. Por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que é celebrado anualmente no dia 3 de maio e neste ano tem por tema “O jornalismo face à crise climática”, apresentamos um compilado de oportunidades abertas para jornalistas latino-americanos ligadas ao tema.
As oportunidades vão de bolsas de reportagens e mentorias para jornalistas iniciantes até prêmios de diversos níveis, disponíveis tanto para estudantes quanto para profissionais estabelecidos.
Abaixo, uma lista de oportunidades na área, organizadas do prazo mais curto até o mais distante.
Para chamar a atenção do público para a crise global da biodiversidade, que ameaça os ecossistemas dos quais todos dependem, a Earth Journalism Network (EJN), com apoio do fundo Arcadia, está com uma chamada aberta para apoiar bolsas de reportagem por meio de sua Iniciativa de Mídia sobre Biodiversidade.
As bolsas têm o objetivo de apoiar reportagens impactantes que utilizem abordagens inovadoras, incluindo multimídia, esforços colaborativos e jornalismo de dados. São priorizados assuntos pouco divulgados, como o comércio e tráfico de espécies ameaçadas, ameaças emergentes como a mineração de criptomoedas e soluções de conservação lideradas por comunidades.
A maior parte das bolsas deve variar entre mil e dois mil euros, mas algumas reportagens investigativas podem receber até cinco mil euros para sua produção.
Tanto jornalistas em início de carreira quanto experientes estão encorajados a se candidatar, individualmente ou como parte de um grupo, e a elegibilidade para as bolsas é estendida a jornalistas e profissionais de mídia de países de baixa a média renda, com um foco particular em regiões onde as bolsas ainda não foram oferecidas.
Na América Latina, o edital cita explicitamente a preferência por candidaturas de jornalistas com residência na América Central e no Caribe, com ênfase na República Dominicana e em Honduras. Os textos podem ser escritos em qualquer idioma, mas quem for escrever sem ser inglês, também deve incluir uma tradução para esta língua.
Mais informações sobre as incrições podem ser obtidas neste link
A Climate Tracker tem inscrições abertas para o sexto ciclo de seu Programa de Mentoria em Jornalismo Climático, desta vez focado exclusivamente em profissionais residentes em Argentina, Brasil e México coincidindo com o iminente G20, marcado para novembro deste ano no Rio de Janeiro.
Durante este ciclo, os jornalistas serão desafiados a contar histórias que abordem a transição energética na América Latina em três reportagens de grande impacto.
Os participantes receberão apoio editorial personalizado ao longo de quatro meses, além de um estímulo financeiro e de mentorias de profissionais renomados na região.
Esta edição do programa será dividida em duas fases: a primeira incluirá conversas ao vivo sobre transição energética e mudança climática, seguido pela seleção de duas propostas por país para a fase seguinte.
Na segunda fase, os seis jornalistas selecionados participarão de um período de aprendizado prático e coletivo entre junho e agosto de 2024, recebendo um incentivo financeiro total de US$ 900, sessões de capacitação em grupo e acompanhamento editorial personalizado.
Tanto profissionais que trabalham em veículos de comunicação como independentes são bem-vindos a se candidatar, desde que demonstrem experiência prévia em jornalismo e interesse evidente em temas ambientais e climáticos.
O Instituto Serrapilheira está recebendo propostas de podcasts liderados por pessoas negras em todo o Brasil, com foco em histórias que destacam a ciência e o método científico. Até oito projetos serão selecionados, com equipes que passarão por um programa de treinamento e receberão apoio financeiro para produzir uma temporada.
A chamada é exclusiva para pessoas negras e procura projetos que enfatizem a importância da ciência, especialmente nas áreas apoiadas pelo Instituto :ciências da vida, geociências, física, química, ciência da computação ou matemática
A iniciativa busca preencher uma lacuna na representação das pessoas negras nos setores de jornalismo, audiovisual e podcast, incentivando a diversidade na ciência e promovendo a igualdade de oportunidades.
Propostas de podcasts em diferentes formatos são aceitas, mas aquelas com uma estrutura de roteiro bem desenvolvida terão prioridade. As propostas podem estar em fase de concepção ou já em execução, desde que incluam ou aprimorem a presença da ciência.
O Conselho para o Avanço da Escrita sobre Ciência (CASW, na sigla em inglês) está com inscrições abertas para o Prêmio Sharon Begley para jornalistas de ciências.
Para concorrer, os jornalistas devem ser profissionais experientes e com vasta bagagem em jornalismo científico, cobrindo temas como ciência, meio ambiente, saúde, matemática e tecnologia por meio de mídias impressas, áudio, vídeo e online.
A chamada afirma que, para ser elegíveis, os candidatos devem ter pelo menos 8 a 10 anos de experiência no jornalismo, incluindo envolvimento significativo em reportagens científicas, ou demonstrar comprometimento equivalente com o campo.
O prêmio visa considerar um grupo diversificado de candidatos e está aberto a jornalistas em todo o mundo, sem taxa de inscrição. Todas as inscrições devem ter sido publicadas em inglês.
O concurso anual de filmes da revista online Yale Environment 360, que homenageia os melhores filmes ambientais do ano de todo o mundo, está aceitando inscrições
Os trabalhos devem se concentrar em uma questão ambiental e ter no máximo 20 minutos de duração. Filmes financiados por uma organização ou empresa e que sejam principalmente sobre essa organização ou empresa não são elegíveis.
O vencedor do primeiro lugar receberá US$ 3 mil, o segundo lugar US$ 2 mil e o terceiro lugar US$ 1 mil. As inscrições vencedoras serão postadas no site da Yale Environment 360.
O Pulitzer Center está aceitando inscrições para a sua Ocean Reporting Network (ORN). A rede tem o objetivo de construir um ecossistema colaborativo de jornalistas de todo o mundo para investigar práticas nocivas nos setores pesqueiro e extrativista, as ameaças sistêmicas à biodiversidade marinha e às comunidades costeiras, além de outras questões como poluição, mudança climática e tráfico ilegal de animais marinhos.
A iniciativa apoiará no mínimo oito bolsistas em tempo integral, em todos os continentes, com ênfase na capacitação de comunidades de jornalistas no Sul Global. Os bolsistas trabalharão em projetos individuais e colaborativos, contando com o suporte de uma equipe de editores experientes do Pulitzer Center, além de treinamento em dados, comunicação e pesquisa.
Os candidatos devem ser jornalistas investigativos experientes, tanto freelancers quanto em redações, com familiaridade em questões oceânicas e suas influências científicas, ambientais, sociais, legais, políticas e comerciais. As bolsas cobrirão o salário do repórter e fornecerão apoio adicional ao veículo de imprensa que empregar o jornalista ou que concordar em receber o bolsista, além de despesas para viagens e outros custos relacionados à investigação.
As inscrições devem incluir um projeto de reportagem detalhado, um plano de publicação e distribuição, uma declaração de propósito, entre outros documentos. Os candidatos pré-selecionados serão entrevistados em junho ou julho, e o programa de 12 meses começa em 1º de agosto de 2024.
Jornalistas de toda a América Latina e Caribe podem se inscrever na CONNECTAS Fellowship, que está em busca de propostas de reportagens, investigações e histórias jornalísticas que abordem fenômenos como discursos e políticos autoritários em ascensão, ameaças às liberdades individuais, abusos de grupos econômicos, crime organizado e crimes contra o meio ambiente.
Os projetos selecionados receberão acompanhamento editorial, financiamento de entre US$ 1 mil e US$ 2.500 para realização da reportagem e apoio para sua divulgação em nível regional.
As reportagens a serem produzidas devem apresentar informações novas e atraentes, contribuindo para a compreensão de fenômenos sociais de importância nacional e regional. Prioriza-se reportagens que revelem abusos por parte de agentes de poder político e econômico e tratem de problemas estruturais na sociedade.
Os agraciados terão quatro meses para concluírem suas investigações.
Leia mais informações sobre a bolsa
Jornalistas podem concorrer ao Prêmio Biophilia, instituído pela Fundação BBVA, da Espanha, que tem o objetivo de reconhecer contribuições das humanidades, da comunicação e das ciências sociais que tenham moldado as perspectivas, as estruturas conceituais e os valores da sociedade em relação ao meio ambiente.
Os concorrentes podem abranger uma variedade de disciplinas, indo, além do jornalismo, à filosofia, ética, história, direito, teoria literária e artística, antropologia, sociologia e ciência política.
As inscrições devem referir-se a contribuições concluídas até 31 de dezembro de 2023 e podem ser em vários formatos, como reportagens, documentários, ensaios, artigos, monografias, iniciativas legislativas, materiais multimídia, livros de ciência popular, exposições e atividades em qualquer canal de mídia.
O vencedor receberá uma gratificação de 100 mil euros, um diploma e uma obra de arte comemorativa durante uma cerimônia pública.
Estão abertas as inscrições para os prêmios da Society of Environmental Journalists (Sociedade de Jornalistas Ambientais), que galardeia conteúdos jornalísticos de excepcional qualidade em assuntos ambientais.
Os participantes elegíveis incluem todos os jornalistas, exceto membros do conselho da SEJ, do Comitê de Premiação e da equipe da sociedade. Estudantes são elegíveis para uma categoria separada.
Há diversas categorias, com separações para reportagens investigativas e reportagens de cobertura. As reportagens investigativas devem divulgar novos fatos sobre empresas, órgãos governamentais ou indivíduos e são divididas em categorias de redação de grandes e pequenas redações.
As inscrições devem se concentrar predominantemente em assuntos ambientais e serem acessíveis ao público em geral por meio de vários meios de comunicação.
As inscrições em outros idiomas que não o inglês requerem traduções precisas para o inglês. Inscrições em grupo são permitidas, com limitações na composição da equipe e distribuição de prêmios em dinheiro.
Os vencedores do primeiro lugar recebem US$ 500, um troféu e uma faixa eletrônica, com segundo e terceiro lugares também recebendo reconhecimento.
Há ainda o Prêmio Nina Mason Pulliam, que celebra "melhor dos melhores" dos prêmios da SEJ. Nesse caso, o vencedor receberá US$ 10 mil e um troféu, além de inscrição completa, viagem e hospedagem para participar da conferência da SEJ em 2025 no Arizona.
Leia mais informações sobre o Prêmio SEJ 2024
A última sugestão não tem prazo definido: o Pulitzer Center oferece bolsas que aceitam inscrições de modo contínuo. Entre essas, por exemplo, está a bolsa de reportagens sobre florestas tropicais na Amazônia, que busca matérias sobre impactos das indústrias extrativas sobre a população local e o meio ambiente, a má governança florestal, as iniciativas do mercado de carbono ou as iniciativas inspiradoras de conservação.
Para mais informações, sugerimos visitar o site do Pulitzer Center.
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