No marco da campanha ‘Jornalismo em Risco’, a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP) acaba de lançar o projeto J-Pro, que busca explicar e avaliar as políticas estabelecidas pelos governos da Colômbia e do México em matéria de proteção a jornalistas em risco.
Os mecanismos de proteção destes países estiveram sob escrutínio público nos últimos dias.
No caso do mecanismo colombiano, em agosto ele completou 15 anos de sua implementação, mas, de acordo com organizações de defesa da liberdade de expressão, atravessa “um momento crítico”. Embora o mecanismo tenha representado avanços em matéria de segurança para os comunicadores, a falta de recursos econômicos e os escândalos de corrupção em seu interior colocam em risco sua estabilidade.
Foi precisamente por esta preocupação que a FLIP, a Federação Colombiana de Jornalistas (Fecolper), a Associação Colombiana de Editores de Jornais e Meios Informativos (Andiarios) e Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lançaram a campanha ‘Jornalismo em Risco’, que busca mostrar esse momento crítico.
Parte dos relatórios semanais da campanha foram disponibilizados no J-Pro.
“É um wiki dos mecanismos de proteção que resolve perguntas básicas como qual é a origem ou quanto custa”, explicou Pedro Vaca, diretor-executivo da FLIP e desenvolvedor original do projeto, em conversa com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
Mas não só o mecanismo de proteção da Colômbia está na mira. O do México também foi críticado fortemente e sua eficácia foi posta em dúvida devido aos altos níveis de violência sofridos pelos jornalistas no país. O assassinato do fotojornalista Rubén Espinosa, no dia 31 de julho, gerou uma onda de indignação e de exigência ao governo para garantir a proteção dos comunicadores que estão em risco pelo exercício de sua profissão.
Espinosa havia fugido do estado de Veracruz até Cidade do México pelas ameaças que vinha sofrendo. Lá acabou assassinado. Mais de 500 jornalistas, artistas, defensores da liberdade de imprensa e ativistas enviaram uma carta ao presidente do país, Enrique Peña Nieto, exigindo uma investigação rigorosa deste e de todos os assassinatos de jornalistas, mas sobretudo uma análise do mecanismo de proteção.
“A ideia [com o projeto J-Pro] é que especialistas de nível internacional possam contribuir pra gerar conhecimento sobre o tema”, afirmou Vaca. De acordo com o comunicado da FLIP, os usuários desta plataforma “poderão fazer comentários que serão considerados pela FLIP”.
Jornalistas, organizações civis, políticos e autoridades de qualquer dos dois países, ou fora deles, poderão navegar pela plataforma, que está dividida em diferentes capítulos para cada país, como violência contra a imprensa, marco legal para a proteção dos jornalistas, como funciona o programa, que medidas de proteção podem ser considerads e até testemunhos de jornalistas para o caso colombiano.
De acordo com o site do projeto, trata-se de um trabalho em constante desenvolvimento e atualização. A informação está disponível em espanhol e inglês.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.