Além de reconhecer a grave crise de segurança para jornalistas na América Latina e no Caribe, o 10º Fórum Anual de Austin sobre o Jornalismo nas Américas, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de maio em Austin, Texas, serviu de plataforma para lançar ideias sobre como resolver o problema da falta de proteção. No maior Fórum já realizado, com mais de 70 participantes representando o Caribe e a maioria dos países das Américas, o tema foi "Segurança e Proteção de Jornalistas, blogueiros e jornalistas cidadãos".
No final do Fórum, a precariedade das situações dos jornalistas -- em particular em países perigosos como México, Honduras e Brasil -- veio à tona quando o repórter e fotógrafo de Veracruz Miguel Angel Lopez Solana pediu ajuda para seus colegas mexicanos e anunciou que ele e sua esposa estão buscando asilo político nos Estados Unidos. Seu pai e seu irmão, também jornalistas, junto com sua mãe, foram mortos por atiradores não identificados em 2011.
"Estamos vivendo o terror", disse Lopez Salana aos outros participantes do fórum.
Durante o Fórum, ideias de inúmeras medidas práticas surgiram em discussões de painéis. Por exemplo, os participantes sugeriram uma revisão dos atuais mecanismos de proteção e a criação de protocolos de segurança onde eles não existem; uma melhor articulação entre as organizações de liberdade de imprensa para ver o que pode ser mais eficaz do que os tradicionais alertas denunciando ataques contra a imprensa - tais como o papel que a mídia social pode desempenhar; e a criação ou fortalecimento de organizações locais ou redes de jornalistas que podem ser mobilizadas em situações de emergência.
Os participantes também disseram que ações concretas devem ser tomadas para tornar a sociedade civil consciente dos problemas de segurança que os jornalistas estão enfrentando, para que possam oferecer apoio e pressionar os governos a agir e reduzir a impunidade. Por exemplo, os participantes destacaram a necessidade de defender o trabalho dos relatores para a liberadade de expressão das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos (OEA), observando, em particular, a necessidade de apoiar a relatora da OEA Catalina Botero, que está sob ataque do governo equatoriando. A campanha contra Botero, e contra a liberdade de expressão em geral, tem aumentado nos últimos dias. Os participantes do Fórum Austin falaram sobre a necessidade urgente de defender a Relatoria pela Liberdade de Expressão e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Também ficou claro durante o Fórum que os jornalistas precisam de formação sobre segurança cibernética, já que o encontro indicou que a maioria dos jornalistas presentes não tinham consciência da vulnerabilidade de suas atividades digitais, do e-mail a comunicações por celular.
Além disso, os participantes destacaram a necessidade de uma maior sensibilização sobre o fato de que trauma e estresse impactam não só o jornalista pessoalmente, mas também a liberdade de imprensa, já que os profissionais que sofrem de estresse e trauma são silenciados.
O Fórum de Austin é organizada pelo Centro Knight e pelos programas para a América Latina e de mídias das Fundações Open Society. Mais do que uma conferência anual, o Fórum de Austin é uma rede de organizações voltada para o desenvolvimento da mídia na América Latina e no Caribe. Nas edições anteriores do evento, foram abordados temas como a cobertura da migração nas Américas e a cobertura do tráfico de drogas e do crime organizado na América Latina e no Caribe.