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Homem envolvido em tortura da jornalista mexicana Lydia Cacho é condenado a cinco anos de prisão

Pelo crime de tortura contra a jornalista mexicana Lydia Cacho em 2005, Juan Sánchez Moreno, comandante da Procuradoria Geral do Estado de Puebla, recebeu uma condenação em 15 de janeiro, informou a organização Artigo 19 México no Twitter.

Lydia Cacho (By Eneas De Troya, CC BY 2.0)

Lydia Cacho (By Eneas De Troya, CC BY 2.0)

Sánchez Moreno deve pegar cinco anos e três meses de prisão e pagar uma multa de 12.133 pesos mexicanos (aproximadamente US$ 644), informou o site da Infobae.

"Esta sentença contém uma pena que não corresponde à gravidade dos atos de tortura ou ao posto de comando ocupado por Sánchez Moreno", escreveu a Artigo 19 em sua conta no Twitter.

Segundo a organização, essa é a segunda sentença contra qualquer pessoa envolvida na detenção arbitrária e tortura de que Cacho foi vítima em 2005. Em 17 de outubro de 2017, José Montaño, ex-comandante da Polícia de Puebla também foi condenado a cinco anos e três meses de prisão. Posteriormente, sua pena foi aumentada para seis anos, afirmou a organização.

Em agosto de 2019, um juiz federal emitiu um mandado de prisão contra o ex-governador de Puebla, Mario Marín Torres, e contra o empresário têxtil, Kamel Nacif Borges, por sua suposta responsabilidade na tortura contra a jornalista Lydia Cacho; mas não foram capturados, relatou o Artigo 19.

Os crimes para os quais Cacho exige justiça há 14 anos ocorreram em 2005. Nesse ano, Cacho escreveu o livro “Demônios do Éden. O poder que protege a pornografia infantil”, denunciando uma rede de pornografia infantil na qual supostamente autoridades públicas e empresários reconhecidos do país, como José Kamel Nacif Borge, estavam envolvidos.

Em julho de 2005, Nacif apresentou uma queixa contra Cacho, no estado de Puebla, pelos crimes de difamação e calúnia (ela foi absolvida dessas acusações posteriormente). A jornalista foi presa no estado de Quintana Roo em dezembro de 2005 e levada para Puebla em uma jornada de mais de 20 horas em que, segundo a denúncia de Cacho feita à ONU, ela foi vítima de tortura psicológica e física, toques e insinuações sexuais, ameaças de morte e violência verbal e física.

Posteriormente, na sede do Procurador-Geral de Puebla, disse a jornalista, ela também foi vítima de abusos sexuais e violência física e verbal. Ela foi libertada após pagar uma fiança de 70 mil pesos mexicanos (aproximadamente US$ 3.700).

Em busca de Justiça, Cacho buscou ajuda junto a instâncias internacionais.

Em 31 de julho de 2018, o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas emitiu uma resolução sobre o caso de Cacho. Segundo o Comitê, o Estado mexicano violou alguns dos direitos humanos estabelecidos no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, como igualdade de gênero, proibição de tortura, liberdade e segurança pessoal, liberdade de expressão, entre outros.

Em 10 de janeiro de 2019, o Estado mexicano pediu desculpas públicas a Cacho pelo que aconteceu, como parte das resoluções adotadas pelo Estado após a decisão do Comitê da ONU.

“Um ano após o reconhecimento da responsabilidade do Estado mexicano e o pedido público de desculpas à jornalista @lydiacachosi [Lydia Cacho], pelas violações de direitos humanos perpetradas em sua queixa em 2005, ainda não há justiça e a integridade de Lydia continua em risco”, escreveu a Artigo 19 no Twitter.