Dois homens foram detidos após tentar incendiar a casa da família de Gregorio Jiménez de la Cruz, jornalista mexicano assassinado em Veracruz em 2014.
De acordo com o jornal La Jornada, o crime ocorreu na madrugada desta segunda-feira, dia 8 de janeiro, enquanto a viúva de Jiménez, Carmela Hernández Osorio, e seus filhos dormiam. Além de tentarem incendiar a casa, os homens também danificaram um carro de propriedade da família, acrescentou o jornal.
Em entrevista ao La Jornada, Ana Laura Pérez, presidente comissionada da Comissão Estatal para Atenção e Proteção dos Jornalistas de Veracruz (CEAPP), informou que o ataque foi detido graças à intervenção do segurança que protege a família do jornalista.
Pérez também descartou que o ataque tenha vínculo com o assassinato de Jiménez, informou o XEU Noticias.
A CEAPP também emitiu um comunicado no dia 9 de janeiro no qual declarou que os homens foram detidos logo após a escolta chamar a Secretaria de Segurança Pública (SSP), e que os dois estão “respondendo às autoridades correspondentes por seus atos”. O comunicado acrescentou que os criminosos estavam sob efeito de álcool quando tentaram incendiar a casa.
Segundo o comunicado, após o assassinato de Jiménez em 2014, a entidade determinou que a família deveria se mudar, porque a casa fica perto do domicílio da suposta autora intelectual do homicídio. A entidade assegurou que a viúva de Jiménez recebeu um imóvel na capital de Veracruz, mas ela decidiu voltar à casa anterior.
“A Secretaria de Segurança Pública manteve a medida cautelar expedida para a família e que a a CEAPP corroborou, mediante uma visita ao domicílio, que estão cumprindo com os deveres de vigilância”, acrescentou o comunicado.
Gregorio Jiménez de la Cruz era repórter da editoria de polícia dos jornais Notisur e Liberal del Sur quando foi sequestrado por um grupo armado que entrou em sua casa no dia 5 de fevereiro de 2014, em Coatzacoalcos, Veracruz. Seu corpo foi encontrado em 11 de fevereiro.
O jornalista havia reportado sobre uma série de sequestros e desaparecimentos em seu município, e havia recebido ameaças por causa da publicação de uma notícia sobre crimes cometidos perto de um bar da cidade, segundo informou à época a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH.
Apesar de a Justiça ter detido e considerado culpadas seis pessoas no caso de Jiménez, incluindo uma vizinha que havia mandado a execução do crime, a missão de observação de jornalistas que investigaram o assassinato tem dúvidas se realmente todas as hipóteses possíveis foram investigadas, inclusive a relacionada ao trabalho jornalístico.
Segundo o relatório que resultou dessa comissão, ‘Gregorio: assassinado por informar’, na investigação do crime de Jiménez ignorou certos motivos relacionados ao trabalho da vítima como repórter policial, assim como suas matérias sobre atividades do crime organizado.
As autoridades deram explicações contraditórias sobre os motivos por trás do crime, indicando que se tratava de uma vingança pessoal, e em outras ocasiões afirmando que não descartavam o trabalho jornalístico de Jiménez como motivo, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Os familiares do jornalista disseram que ele foi ameaçado por causa de suas reportagens e acreditam que ele foi assassinado por causa de seu trabalho.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.