Por Maria Hendrischke
Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou que após dois anos do assassinato dos jornalistas Verónica e Víctor Hugo Peñasco, o sistema judicial da Bolívia ainda não julgou nenhum dos acusados, embora originalmente a promotoria tenha prendido dez suspeitos.
Segundo a RSF, a audiência de 11 de fevereiro, que determinaria se Juan Monroy Dueñas e Félix Fernando Yupanqui Condori, os dois suspeitos principais, seriam julgados, foi suspensa sem motivo. O veículo boliviano La Razón informou que a audiência foi cancelada porque o acusado não havia sido informado. Houve um novo agendamento para 25 de fevereiro, exatamente dois anos depois do crime.
Na audiência, a juíza Dina Larrea decidirá se Dueñas e Yupanqui serão liberados das acusações por falta de provas.
Em 30 de janeiro, a fiscal Eva Mujica soltou os dois homens e outros dois suspeitos, Adalid e Calisaya Mamani, porque “não foram implicados pela Promotoria na acusação formal”, segundo declarações de Guillermo Llacs, advogado de Yupanqui, ao jornal Página Siete. Também acrescentou que seus clientes são inocentes e os assassinos de verdade estão livres.
”É inaceitável que os suspeitos tenham sido liberados antes de completar a investigação e de se estabelecer o motivo”, disse RSF. Segundo Página Siete, três dos sete suspeitos continuam presos.
Os jornalistas bolivianos foram estrangulados em El Alto, uma cidade próxima a La Paz, capital da Bolívia. Foram vistos vivos pela última vez pegando um ônibus para o trabalho na manhã de 25 de fevereiro de 2012. Verónica Peñasco era a diretora da Radio San Gabriel e tinha um programa de televisão no Canal 7. Seu irmão menor, Víctor Hugo, era apresentador na Radio Pachaqamasa.
Uma semana depois do incidente, as autoridades bolivianas prenderam os suspeitos Dueñas y Yupanqui, de acordo com a RSF. Mas quase dois anos depois do crime, e embora o código judicial da Bolívia diga que as investigações não podem durar mais de 18 meses, o caso continua sem solução.
O Relatório Anual 2013 de Impunidade de IFEX ressaltou os crimes contra a imprensa na Bolívia e o “clima geral de violência”.
O presidente boliviano Evo Morales criticou a imprensa por distorcer a informação, e disse que os ataques contra os jornalistas apenas foram uma reação às mentiras. Contudo , recentemente aprovou uma lei que dá seguro de vida a jornalistas. Depois do assassinato dos irmãos Peñasco, Bolívia também aprovou uma lei que dá transporte seguro para jornalistas que trabalham à noite.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.