Por Maira Magro
A maioria dos jornais da Bolívia publicou a mesma capa nesta quinta-feira, 7 de outubro – uma página em branco com uma única manchete: “Não há democracia sem liberdade de expressão”. O protesto inédito sucede a decisão do presidente Evo Morales de manter artigos polêmicos do projeto de Lei Antirracismo.
Ao protesto dos jornais e às passeatas em diversas cidades do país se somou o anúncio de uma greve de fome que já conta com a adesão de seis jornalistas, segundo o jornal La Prensa.
Jornalistas e meios de comunicação reclamam que a Lei Antirracismo viola a liberdade de expressão, ao prever punições severas para aqueles que divulgarem informações consideradas racistas ou discriminatórias, explicam os jornais El Tiempo e Opinión. Eles argumentam que poderiam ser punidos simplesmente por divulgar atos discriminatórios ou opiniões de terceiros, ainda que não concordem com eles.
O projeto de lei contra o racismo, já aprovado pela Câmara, segue hoje para votação em plenário no Senado, e pode ser aprovado integralmente ainda esta semana, segundo a imprensa boliviana.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.