A Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia, que também administra o consagrado Prêmio Pulitzer, anunciou na quarta-feira 14 de setembro os vencedores do Prêmio Maria Moors Cabot para a América Latina e o Caribe 2011. Criada há 73 anos, é a mais antiga premiação internacional de jornalismo.
Os vencedores do Prêmio Moors Cabot em 2011 foram Carlos Dada, fundador e diretor do jornal digital El Faro, de El Salvador; o canadense Jean-Michel Leprince, correspondente na América Latina da Société Radio-Canada/CBC; o jornal americano Arizona Daily Star e os diários mexicanos El Diario de Juárez, na cidade fronteiriça de Ciudad Juárez, e Riodoce, de Culiacán, no estado de Sinaloa.
"Mais do que tudo, em 2011 os prêmios Cabot celebram os jornalistas na linha de frente —dois pequenos, mas corajosos jornais que enfrentam os traficantes no México; um jornal digital que trilha um caminho independente e ético na América Central; um jornalista canadense que nos mostra cenas e histórias da vida real que frequentemente não vemos na TV americana, e um jornal de médio porte dos EUA que se esforça para oferecer a seus leitores uma cobertura aprofundada e cheia de nuances da fronteira com o México", disse Nicholas Lemann, da Escola de Jornalismo de Columbia, em comunicado.
Dada e o jornal digital El Faro foram celebrados por serem um "farol" em um país que ainda sofre por causa de uma guerra civil de dez ano de duração e onde muitos veículos de imprensa se distanciaram do "caminho da honestidade e da imparcialidade", segundo a AFP.
"É um grande reconhecimento", disse Dada, que, em 2005, foi bolsista Knight na Universidade de Stanford, ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. "Fazemos jornalismo independente em uma região complexa e cheia de problemas. Em nome de todos do El Faro, me sinto muito orgulhoso de o comitê do Prêmio Moors Cabot ter reconhecido nossos esforços para contar nossa realidades. De certa forma, o prêmio também confirma como o jornalismo online progrediu, já que, há uma década, parecia impossível imaginar que poderíamos ser reconhecidos por alguns dos maiores jornalistas do mundo".
No início de setembro, Dada também conquistou o segundo lugar no Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo 2010-2011, com uma reportagem sobre o planejamento e a execução de um crime político.
Como o México é um dos países mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo, ressaltou o comitê da premiação, o El Diario de Juárez e o Riodoce são dois pequenos jornais "heroicamente" lutando para divulgar as notícias.
Em 2010, o Diario de Juárez tomou uma decisão sem precedentes ao sugerir, em editorial, uma trégua aos traficantes, depois que um dos fotógrafos do jornal foi assassinado a tiros, em setembro de 2010.
Ismael Bojóquez, editor do Riodoce, disse ao jornal Proceso que, embora esteja feliz com o prêmio, também está "triste por recebê-lo apenas 15 dias depois de nosso colega Humberto Millán Salazar ter sido assassinado." No dia 25 de agosto, Millán, que era repórter da rádio Fórmula em Sinaloa, foi encontrado morto um dia após ser sequestrado. Veja um mapa do Centro Knight sobre ataques a jornalistas no México aqui.
O Arizona Daily Star foi reconhecido por sua cobertura da imigração, que "aborda o tema levando em conta todas suas complicações e dimensões humanas - não apenas seu aspecto sentimental", sublinhou o comitê da premiação, de acordo com o próprio jornal. O reconhecimento vem apenas uma semana depois de jornalista de diversos países das Américas pedirem uma cobertura mais aprofundada e humana da migração, durante o 9º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas.
No ano passado, o jornalista Carlos Fernando Chamorro, da Nicarágua, foi um dos vencedores do Moors Cabot.