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Jornalista do Equador recebe dispositivo explosivo na sede da Teleamazonas dias antes da eleição presidencial

Apenas alguns dias antes de o Equador eleger um novo presidente, a jornalista Janet Hinostroza recebeu um dispositivo explosivo no seu trabalho.

Hinostroza, a apresentadora dos programas ‘Los Desayunos de 24 Horas’ (Café da manhã de 24 horas) e Noticiero 24 Horas (Noticiário 24 Horas) recebeu um envelope na sede da Teleamazonas na manhã de 16 de fevereiro.

De acordo com a Teleamazonas, um envelope endereçado a Hinostroza continha uma caixa de DVD, onde estava escrito: “Quem está por trás da corrupção? Prova irrefutável.” Quando ela abriu ligeiramente a caixa, cabos ficaram visíveis, a emissora afirmou. A polícia foi chamada e o meio de comunicação foi evacuado enquanto as autoridades inspecionavam o pacote.

Teleamazonas disse que uma cápsula detonadora, cabos, uma bateria e outros componentes foram encontrados dentro do pacote.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) relatou que Hinostroza disse estar “muito preocupada com o que está acontecendo no país. Estas são as consequências do nível de violência e confronto que nós temos passado nesses anos. É uma ameaça clara que eu rejeito fortemente.”

É a segunda ameaça que Hinostroza recebe como jornalista, ela disse ao El Comercio.

Um envelope parecido foi enviado para Gabriela Rivadeneira, presidente da Assembleia Nacional, em fevereiro de 15. Três outros envelopes com dispositivos explosivos foram encontrados nos correios, segundo o El Mundo. Um deles estava endereçado à jornalista Estefanía Espín, do Ecuavisa.

Neste domingo, 19 de fevereiro, os equatorianos vão votar nas eleições presidenciais e legislativas que vão colocar um fim a uma década de mandato do atual presidente Rafael Correa.

O El Mundo publicou que Correa rejeitou o envio de bombas e disse que os responsáveis "são pessoas que tentam alterar as eleições de domingo, alterar os resultados.”

O CPJ instou as autoridades a fazer uma investigação completa e processar os responsáveis pela ameaça contra Hinostroza.

“Nos dias que antecedem as eleições presidenciais, é crucial que os jornalistas possam reportar sem medo sobre os problemas que o Equador enfrenta”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do CPJ para as Américas, segundo uma nota de imprensa.

Em 2013, Hinostroza recebeu o International Press Freedom Award do CPJ por “reportar de forma corajosa e investigativa sobre política e corrupção.”

Em 8 de agosto de 2016, ela e Teleamazonas sofreram sanções da Superintendência de Informação e Comunicação (Supercom) por ter feito repetidos questionamentos sobre a compra de remédios pelo governo do Equador. Dias antes, Correa os tinha acusado de “linchamento midiático.”

A imprensa nacional e internacional e organizações de liberdade de expressão se manifestaram contra as sanções.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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