Com o aumento das críticas do presidente do Equador Rafael Correa à mídia, a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA, na sigla em inglês) publicou em outubro uma "resolução pela liberdade" chamando o governo a "reverter as tendências recentes que comprometem seriamente a imprensa livre e independente no Equador, revogando a difamação criminal, interrompendo todas as formas de assédio contra os jornalistas e garantindo a total independência dos meios de comunicação no país."
Fundamedios relatou 13 processos contra jornalistas e meios de comunicação no Equador, incluindo uma sentença de US$40 milhões de multa e três anos de prisão contra jornalistas do El Universo por acusações de calúnia e difamação feitas pelo presidente.
Nesse contexto assustador de hostilidade contra os meios de comunicação, Sandra Ochoa, repórter do El Universo, falou com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas sobre o relacionamento da imprensa com Correa no Equador. Veja abaixo um vídeo de sua entrevista em espanhol.
Ochoa, a quem o presidente Correa chama de "pateta gorda", lembrou de uma conferência de imprensa onde Correa se esquivou de pergunta após pergunta. Quando chegou a sua vez de perguntar alguma coisa, ela disse: "O que você quer que eu pergunte, porque nenhuma das perguntas que foram feitas até agora foram respondidas". Então o presidente ficou furioso e disse: "sim, eu respondi as perguntas, vocês que não sabem como fazer perguntas". Ochoa acrescentou que em outras ocasiões o presidente desacreditou repórteres chamando-os de" bestas selvagens" e acusando os jornalistas de insultar em vez de comunicar. Foi esse incidente que levou Correa a insultá-la, explicou a repórter.
Embora ela pessoalmente ache graça do insulto, o que ela vê como preocupante é que patterndesde o início de sua administração, Correa parece ter como missão desacreditar os jornalistas. Ela também disse que está preocupada com a auto-censura e a postura vingativa adotada por alguns jornalistas por causa da repressão da liberdade de expressão por parte do governo, atitudes que não beneficiam o público, segundo Ochoa.
Ochoa também lamentou os passos do presidente para criar novas leis e decretos que ela vê como inconstitucionais.