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Jornalista hondurenho atacado duas vezes em um dia diz que está pensando em abandonar o país

O jornalista hondurenho Félix Molina, atacado duas vezes no dia 2 de maio, disse que está considerando a possibilidade de abandonar o país.

No início da tarde de 2 de maio, o jornalista de rádio escreveu no Facebook sobre o primeiro assalto do qual foi vítima enquanto seguia em um táxi na capital do país, Tegucigalpa. Disse que uma mulher lhe apontou uma arma enquanto um homem pedia seu celular antes de dizer à mulher para disparar. De acordo com sua declaração, o motorista do táxi arrancou do lugar e puderam escapar.

Mais tarde, pela noite, foi atingido duas vezes em cada uma de suas pernas por tiros enquanto viajava em outro táxi próximo ao lugar onde havia sido atacado horas antes. As balas “não atingiram nenhuma estrutura delicada”, apenas músculos, escreveu o portal Tiempo citando os médicos que atenderam Molina.

Um porta-voz do hospital para onde o jornalista foi levado disse que o jornalista pediu para reforçar a segurança na sala de emergência e que havia sentido uma perseguição por parte dos desconhecidos, segundo o El Heraldo.

Em uma carta de 4 de maio, Molina disse “considero prudente atender as opções que pessoas e governos sugerem de recuperar meu estado pleno de bem estar físico e emocional, dentro ou fora do país”, informou o jornal Tiempo, que acrescentou que o jornalista teve alta e já está em casa.

Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disse que Molina é o diretor da organização de meios comunitários Alter Eco e anteriormente foi apresentador do programa de rádio Resistência, transmitido na Radio Globo e Radio Progreso.

O Instituto Internacional de Imprensa (IPI) disse que “seu programa de rádio Resistência a favor da democracia era uma das poucas fontes de informação independente em meio a um apagão informativo. Molina também havia informado ter recebido várias ameaças de morte”.

A organização pediu ao Governo uma investigação exaustiva no caso de Molina e no de outros jornalistas. IPI disse que “ao menos 29 jornalistas foram mortos em Honduras em razão de seu trabalho desde 2009”.

A organización de defesa da liberdade de expressão de Honduras C-Libre disse que o nome do jornalista está “em uma lista de jornalistas, advogados, defensores de direitos humanos, artistas e líderes políticos da oposição, considerada pela inteligência militar como perfis que correm risco de vida”. A organização acrescentou que o nome da ativista Berta Cáceres, assassinada em março deste ano, também aparecia na lista divulgada pela C-Libre em 2013.

C-Libre também afirmou que o ataque contra Molina “ocorre no mês dedicado aos jornalistas de Honduras, com uma clara intenção de gerar maior impacto intimidação”.

A organização instou o Estado a proteger sua vida, investigar o caso e sancionar os responsáveis.

RSF também condenou o atentado contra a vida de Molina e disse que “a lei de proteção de jornalistas votada há um ano deve ser aplicada imediatamente para deter a espiral de violência que atinge o país e os jornalistas desde muito tempo”.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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