Por Alejandro Martínez
A violência no México continua intensa, mas o governo do presidente Enrique Peña Nieto tem se esforçado de maneiro óbvia para tentar dissociar a imagem do país do tráfico de drogas, segundo três correpondentes americanos durante um painel organizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e a Escola de Jornalismo da Universidade do Texas em Austin.
Durante o painel "Cobertura do México para o Texas: Correspondentes na Fronteira e Além”, Dudley Althaus, ex-chefe do escritório do Houston Chronicle na Cidade do México, Alfredo Corchado, chefe do escritório do Dallas Morning News no país, e Angela Kocherga, chefe da Belo KHOU 11 News em El Paso, comentaram os desafios dos correspondentes no México diante da violência no país e nos cortes orçamentários para a manutenção de correpondentes no exterior.
Os três profissionais concordaram que a violência diminuiu em cidades como Ciudad Juárez, no estado de Chihuahua, mas continua a crescer nos estados de Veracruz, Guerrero e Tamaulipas.
Althaus destacou as diferenças entre o novo e o antigo foverno em relação ao tema. Em dezembro do ano passado terminou o mandato de seis anos do presidente Felipe Calderón, do Partido da Ação Nacional. O Partido Revolutionário Institucional, que já havia comandado o México por sete décadas, voltou ao poder com a eleição de Peña Nieto.
Em quatro meses, a estratégia do novo governo para lidar com a violência já se fez evidente, destacou Corchado. A equipe de comunicação de Peña Nieto tem tentando redirecionar o discurso sobre o México da violência ligada ao tráfico de droga para o crescimento econômico do país.
Comparando as duas administrações, Corchado disse que “um dos maiores problemas do governo de Calderón foi que havia pouca informação sobre sua estratégia. Peña Nieto é muito bom em comnicação, mas seu governo está tentando 'empurrar' sua história. É como nos velhos tempo em que o partido governava o país”.
Correspondentes hoje
Os três profissionais também discutiram os cortes orçamentários para a manutenção de correspondentes no México.
Corchado lembrou que o Dallas Morning News já teve a maior equipe de americanos no México, com 13 pessoas. O jornal mantinha ainda escritórios em Monterrey, no México, Havana, em Cuba, e Bogotá, na Colômbia.
“Com os anos, a indústrai foi mudando. Hoje o escritório no México sou eu”, disse Corchado.
Althaus disse que a crise pela qual passa o jornalismo americano não é a única razão desses cortes: os EUA perderam o interesse por notícias do exterior.
Ele lembtou ainda que o Houston Chronicle atualmente tem uma política segundoa qual apenas matérias de funcionários podem ser publicadas na primeira página. Como o jornal não tem mais um escritório no México, o país "basicamente sumiu" das páginas.
“Após as guerras no Afeganistão e no Iraque, as pessoas estão cansadas de notícias do exterior e os editores também", afirmou Althaus.
Mas Kocherga destacou que seu escritório ainda é muito demandado pela chefia do veículo. Muitas pessoas no Texas tem conexões familiares ou econômicas com o México.
“Meu escritório existe porque o México é visto como questão local”, acrescentou ela.
Kocherga ressaltou ainda que o panorama da mídia está mundo e que novos modelos vão surgir.
“Não sabemos como vai ser”, ponderou. Mas o bom jornalismo no México não vai desaparecer”.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.