Por Maira Magro
Jornalistas cobrindo casos de destruição ambiental enfrentam ameaças e agressões crescentes, denuncia a ONG Repórteres Sem Fronteiras no relatório “Investigações de alto risco: desmatamento e contaminações”, publicado nas vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho.
A RSF detalhou agressões em oito países e, além deles, lembrou dois casos brasileiros: o do jornalista Lúcio Flávio Pinto, editor do Jornal Pessoal, que enfrenta dezenas de processos judiciais por tratar de assuntos como destruição ambiental e grilagem de terra na Amazônia; e o do documentarista franco-espanhol José Huerta, processado oito vezes por mostrar neste filme os impactos de um empreendimento turístico no Ceará.
Na Argentina, a RSF relata o caso da jornalista María Márquez, de Andalgalá, na província de Catamarca, ameaçada de morte por criticar um projeto de mineração da multinacional canadense Yamana Gold.
Em El Salvador, os ativistas ambientais Gustavo Marcelo Rivera e Ramiro Rivera Gómez, vinculados à rádio Victoria, uma emissora comunitária no departamento de Cabañas, foram assassinados depois de se posicionarem contra as atividades da mineradora canadense Pacific Rim, denuncia a RSF. Outros profissionais da rádio relatam intimidações e tentativas de suborno neste vídeo.
“Por trás das ameaças estão empresas, máfias e funcionários corrompidos pelo dinheiro das minas e da exploração florestal”, afirma a RSF, que detalha mais 15 casos neste relatório de 2009.
Além dos relatos da RSF, ONGs e movimento sociais brasileiros denunciam um “bloqueio midiático” a algumas pautas, como as denúncias de devastação ambiental e desrespeito aos direitos humanos feitas contra o grupo alemão ThyssenKrupp e a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), na construção de uma siderúrgica na baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.