Por Ingrid Bachmann
O segundo dia do 8º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas ocorreu no sábado, 18 de setembro, na Universidade do Texas em Austin, e começou com jornalistas da América e da Europa debatendo como repórteres e organizações jornalísticas podem cooperar e atravessar fronteiras para cobrir melhor o crime organizado.
O painel "Iniciativas regionais, transfronteiriças e globais sobre cobertura do crime organizado" incluiu Mauri Konig, do jornal Gazeta do Povo e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo; Osmar Gómez, do jornal ABC Color e do Fórum de Jornalistas Paraguaios; Gabriel Michi, do Fórum de Jornalismo Argentino; Giannina Segnini, do jornal La Nación da Costa Rica; e Paul Radu, do Centro Romeno para o Jornalismo Investigativo.
Em um esforço para criar colaborações entre vários países, Michi anunciou a primeira reunião regional de jornalismo para a tripla fronteira da Argentina, Paraguai e Brasil, que será realizada de 25 a 28 de novembro em Ciudad del Este, no Paraguai.
Tal encontro oferecerá palestras sobre jornalismo investigativo e é muito importante, disse Michi, porque os jornalistas da região recebem pouca proteção e têm poucas oportunidades de capacitação.
Segnini disse que, na medida em que o crime organizado se transforma em um negócio internacional, é importante que os jornalistas mudem de mentalidade para que o intercâmbio de informações entre eles melhore e passem a trabalhar juntos. Como exemplo, mencionou a necessidade de contar com uma base de dados digital sobre negócios transnacionais que operam na América Latina, ou com algum tipo de plataforma digital que permita que jornalistas de diferentes países compartilhem informações.
O segundo painel do dia, "Além do narcotráfico: Investigando o crime organizado nas Américas", teve a participação de Mónica González, do Centro de Investigação e Informação Jornalística (CIPER) do Chile; Óscar Martínez, do ElFaro.net de El Salvador; Ginna Morelos, do El Meridiano e do Conselho de Redação da Colômbia, e María Teresa Ronderos, do projeto Verdade Aberta, também da Colômbia.
González mostrou mapas criados pelo CIPER com dados relacionados à pobreza, ao crime, e outros temas. Um dos mapas, entitulado “O fracasso da polícia”, mostra os pontos onde ocorrem mais roubos na capital chilena, mas que são raramente denunciados ou investigados.
À tarde, Byron Buckley, da Associação Caribenha de Trabalhadores da Mídia e do jornal The Gleaner, falou sobre a cobertura dos meios de comunicação da Jamaica sobre o recente caso do traficante Christopher Coke, e Gotson Pierre, da Alterpresse no Haiti, explicou os desafios na cobertura do narcotráfico e do crime organizado em um país que ainda tenta se reerguer do terremoto de 12 de janeiro.
Jornalistas da Guatemala, Nicarágua e El Salvador também discutiram a cobertura do crime organizado na América Central. Claudia Méndez, do jornal elPeriódico da Guatemala, apresentou o caso de uma investigação sobre o presídio Pavón, conhecido pelos vínculos dos presos com o tráfico de drogas.
Carlos Dada, fundador do Elfaro.net de El Salvador, disse que os jornalistas na América Central estão falhando com sua principal obrigação, que é entender o fenômeno do crime organizado. Segundo Dada, cobrir a violência é mais do que apenas contar corpos. Ele explicou que o seu jornal digital está envolvido em um novo projeto, “A Sala Negra”, com o objetivo de estudar a apresentar a violência de uma perspectiva regional.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.