Em uma audiência pública na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) realizada nesta terça-feira, 27 de março, organizações de jornalistas apontaram 2011 como um dos piores anos para a imprensa na Venezuela, com o aumento de agressões a repórteres e aos meios de comunicação, informou a AFP.
A situação crítica da liberdade de expressão no país é demonstrada em números. Segundo a Agência Efe, o secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), Marco Ruiz, contou que só no ano passado foram registradas "203 violações à liberdade de expressão", com quase dois terços delas relacionadas a ataques e intimidações e um alto grau de impunidade.
Os números colocam 2011 "como um dos períodos mais críticos da última década" para a imprensa venezuelana, de acordo com Ruiz.
A presidente do Colégio Nacional de Jornalistas, Silvia Alegrett, denunciou a falta de acesso à informação oficial por parte dos meios privados e a ameaça da autocensura, noticiou a AFP.
O representante do governo do presidente Hugo Chávez, que já ameaçou se retirar do organismo autônomo da Organização de Estados Americanos (OEA), rejeitou as acusações e afirmou que elas fazem parte de uma campanha "desestabilizadora" contra a Venezuela, de acordo com a Globovisión. Para o governo, a CIDH é tendenciosa e as denúncias sobre a liberdade de expressão são "injustificadas", informou o site da Telesur.
Só nesses primeiros meses de 2012, já foram registrados 24 ataques à liberdade de expressão, segundo associações de imprensa e organizações de defesa dos direitos humanos. Em plena campanha eleitoral para a disputa presidencial que ocorrerá em outubro, o clima de hostilidade à imprensa é crescente, promovido por governistas e opositores.