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Katrice Hardy, editora-executiva do Dallas Morning News, fala sobre fomentar comunidade, conexão e mudança por meio do jornalismo

A jornalista Katrice Hardy recentemente se mudou para o Texas para se tornar a editora executiva do jornal Dallas Morning News (DMN), depois de liderar a equipe do jornal IndyStar que ganhou um prêmio Pulitzer em 2021. Hardy esteve no 23o ISOJ em conversa com Kathleen McElroy, diretora da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas em Austin, e falou sobre seu trabalho e os desafios do jornalismo local em meio à atual onda de ataques a jornalistas.

Ela iniciou sua fala comentando que nos últimos meses tem experimentado “mais negatividade e mais críticas a colegas do que eu jamais experimentei na minha vida” em 26 anos de profissão. Ela enumerou casos de ameaças e assédio online a colegas do jornal motivados por reportagens que eles haviam feito. “É basicamente um ataque à democracia”, disse ela.

Hardy colocou a questão de como líderes como ela podem ajudar a proteger os jornalistas que trabalham nas redações pelas quais são responsáveis.

“No DMN nós aumentamos a segurança e estamos treinando nossos jornalistas em como lidar com suas vidas nas redes sociais, como se proteger, e também estamos tentando construir melhores recursos e conexões com nossa comunidade”, contou. Outra estratégia nesse sentido tem sido participar de eventos diversos nos quais o jornal nunca esteve presente. “Eu saio [da redação] e falo em igrejas e festas [comunitárias]. Eu tento transmitir à nossa comunidade a missão na qual acreditamos e a razão pela qual, independentemente de você acreditar no conteúdo que estamos publicando ou não, estamos fazendo isso pelo bem maior de todas as pessoas”, disse ela.

“Comunidade em primeiro lugar”

Em outro momento da conversa, McElroy trouxe uma pergunta do público sobre como Hardy responderia a “pesquisas recentes que apontam que o público relaciona narrativa com engano”. A diretora da Escola de Jornalismo da UT acrescentou que quando ela era uma jovem jornalista, evitava-se usar o termo “narrativa” ou “história” para se referir a reportagens jornalísticas, justamente por essa razão. “Mas agora estamos dizendo ativamente que o que fazemos é ‘narrativas com um propósito’”, comentou McElroy.

“Nossas vidas são histórias”, respondeu Hardy. “Temos que ser capazes de conectar a informação de modo que nosso público vá ler, contando as histórias das vidas de pessoas que conhecemos e que não conhecemos, iluminando lugares onde as coisas não estão funcionando, mas ninguém sabe… E na verdade, acho que a arte da narrativa é contar histórias factuais. Então temos que voltar a ser transparentes, lembrar as pessoas de nosso propósito. Nossa visão no DMN é que nós vamos inspirar conexão, comunidade e mudança no Norte do Texas pelos próximos cem anos, mas temos que fazer isso sendo a fonte de notícias mais confiável, e acho que temos que lembrar nossos leitores disso e de nossa missão, seja ela qual for.”

McElroy perguntou então qual é a porcentagem de histórias da comunidade que Hardy considera necessário contar dentro do conteúdo total de um jornal, considerando que a publicação deve cobrir seções variadas como esportes, negócios, etc.

“Sinceramente, acho que a razão pela qual muitos de nós não nos conectamos com públicos maiores é porque não começamos com a comunidade em primeiro lugar”, respondeu Hardy. “Ter repórteres com boas fontes começa com estar presente na comunidade. Toda boa história de esportes, toda boa história de negócios, é uma história sobre alguém da sua comunidade. (...). Então eu diria que 100% do que fazemos deve começar com a comunidade.”

E isso significa ter os repórteres no território, e não só ao telefone, completou McElroy. “Com certeza. Nem nas redes sociais, que são um lugar do qual podemos partir. Não é onde encerramos [a apuração]”, disse Hardy.

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